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Fotos de antes da pandemia, só que não

Reportagem da Vejinha flagrou grupos de jovens desrespeitando medidas de combate à pandemia e toque de recolher

Por Gabriela Del'Moro, Guilherme Queiroz e Rogerio Pallatta
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h58 - Publicado em 2 jul 2021, 06h00
muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia no largo da batata
Largo da Batata na última sexta (25): grupos reunidos e vendedores de bebida (Rogério Pallatta/Veja SP)
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Badalação no Itaim Bibi, em Pinheiros e na região central não é uma novidade paulistana. O problema é que, apesar de mais de um ano de pandemia, ruas tradicionalmente boêmias seguem como pontos de encontro para jovens e vendedores ambulantes que desrespeitam a obrigatoriedade do uso de máscara, o distanciamento social e o toque de recolher do governo estadual, válido das 21h às 5h durante a fase de transição do Plano São Paulo, que vai pelo menos até 15 de julho.

muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia no itaim bibi
22h04 – Paralela à Faria Lima, movimento continua após o horário de fechamento de bares e restaurantes (Rogério Pallatta/Veja SP)
muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia na rua édson dias
22h23 – Bar opera após as 21h, além do horário permitido pela fase de transição do Plano São Paulo (Rogério Pallatta/Veja SP)

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Madrugada adentro, frequentadores usam o espaço público para beber, dançar e ouvir música, enquanto a ocupação dos leitos de UTI na capital segue na faixa dos 70%, segundo dados da plataforma SP Covid-19 Info Tracker. No dia 25 de junho, uma sexta-feira, a reportagem de VEJA SÃO PAULO percorreu endereços da cidade conhecidos como pontos de encontro para aglomerações. A partir das 21h30, rodamos da Zona Sul até a região central, fotografando multidões que se divertiam ao ar livre sem incômodo de nenhum tipo de fiscalização. CEPs como o da Guaicuí, em Pinheiros, e a Professor Atílio Innocenti, no Itaim, ficam cheios após as 21h, mesmo quando os estabelecimentos fecham as portas. Em locais como a Édson Dias, bares operam, contrariando outra regra do Plano São Paulo, que permite o funcionamento das 6h às 21h.

muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia no largo da batata
22h29 – Sem máscaras, jovens bebem, ouvem música e comem espetinhos durante o toque de recolher (Rogério Pallatta/Veja SP)
muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia na rua guaicuí, em pinheiros
22h34 – Mar de gente impede a circulação de carros na pequena rua da região do Largo da Batata (Rogério Pallatta/Veja SP)
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muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia na rua padre carvalho, em pinheiros
22h35 – Quase sem espaço para os carros, via é constantemente tomada por multidões (Rogério Pallatta/Veja SP)

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Segundo o infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas, encontros em ambientes abertos não impedem a transmissão do vírus, principalmente quando as máscaras não são utilizadas. “O contágio ao ar livre é baixo desde que não haja aglomeração”, explica o médico. “Não é um evento rápido, é uma interação social. Fatalmente vão, por exemplo, dividir um copo.”

A imagem mostra uma esquina repleta de jovens, sem máscaras, próximo a um bar
23h02 – Esquina com a Consolação é tomada por jovens sem máscaras (Rogério Pallatta/Veja SP)

Até o fim de junho, apenas 10% da população do município estava imunizada com duas doses de vacinas contra a Covid-19. “O mais seguro é que tenhamos pelo menos 80% de imunes. Como as vacinas dão graus diferentes de imunidade esterilizante (capacidade de evitar totalmente as infecções por Covid-19), a proteção é uma combinação de fatores”, afirma a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês.

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muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia na praça roosevelt
23h16 – Espaço aberto na área central segue como ponto de encontro das madrugadas (Rogério Pallatta/Veja SP)

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Procurada sobre a aglomeração nesses pontos de encontro frequentes, a prefeitura, da gestão Ricardo Nunes (MDB), afirma que “apoia as ações de fiscalização do governo do estado. É fundamental que as pessoas mantenham distanciamento, evitando aglomerações e usem máscaras”. A Secretaria de Segurança Pública, da gestão João Doria (PSDB), afirma que flagrou mais de 38 000 aglomerações e 15 000 pessoas foram presas nessas ações. “As polícias Civil e Militar participam das operações em pontos de aglomerações e eventos clandestinos.”

muitas pessoas bebendo e conversando em aglomeração de rua durante a pandemia na rua maria antônia
23h50 – Famosa pelos bares universitários, “fervo” não teve fim durante a pandemia (Rogério Pallatta/Veja SP)

A Secretaria de Estado da Saúde diz que a Vigilância Sanitária Estadual realizou, de julho de 2020 a 14 de junho de 2021, 328 123 inspeções e 7 886 autuações por descumprimento das regras do Plano São Paulo. A pasta diz que o desrespeito das medidas por parte dos estabelecimentos pode levar a multas de até 290 000 reais e a falta de uso de máscaras, a infrações de 552 reais. Em junho, até o dia 28, a Vigilância recebeu 13 747 denúncias de violações de medidas sanitárias. Relatos do tipo podem ser feitos pelo telefone 0800 771 3541.

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Enquanto isso, até a última terça (29), a cidade já tinha registrado 33 335 mortes por Covid-19.

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Publicado em VEJA São Paulo de 07 de julho de 2021, edição nº 2745

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