Academias criam atividades ao ar livre para não perder clientes
Passeios de bicicleta, aulas de surfe e natação em piscinas "empretadas" entram no leque de novos serviços durante altas temperaturas
Nesta época do ano, em que os termômetros batem na marca dos 30 graus e os dias ficam mais longos, muitos paulistanos adeptos de aulas de spinning, body combat e power ioga trocam o ambiente das academias por programas ao ar livre. Para não sofrerem com a falta de alunos, alguns centros de malhação seguem o fluxo e transferem parte de suas atividades para parques, clubes e mesmo praias. Um desses espaços é a piscina recém-reformada do Centro Universitário Ítalo Brasileiro, em Santo Amaro, que funciona sem parar das 9 às 22 horas, de segunda a sábado. Frequentado por estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação, o tanque com seis raias e 25 metros de comprimento recebe nadadores aprendizes da Top Fitness e da Quality Life, localizadas na região. “Algumas academias estavam perdendo terreno para lugares que oferecem melhores condições para amenizar o calor”, afirma Adalberto Souza, gestor do grupo de atividades aquáticas da UniÍtalo. “Viram que aqui a piscina é grande e tinha vários horários livres.” Ao contrário do que pode parecer, os alunos do centro universitário aprovaram a chegada dos malhadores. “Ter mais gente por aqui incentiva a prática esportiva”, diz Dayanni Pimentel Araújo, do 4º semestre do curso de educação física. “E é ótimo para conhecer pessoas”.
A Pelé Club aposta em ações mais radicais. Há três meses, criou o Projeto Outdoor, que incentiva os ratos de academia a deixar a toca e se aventurar em corridas urbanas, passeios ciclísticos, rapel, escalada e canyoning, técnica de alpinismo em cachoeira. Todas as atividades, em espaços como o Parque do Ibirapuera, são acompanhadas por professores e assessores esportivos, que ensinam desde a pisada correta durante a caminhada até a melhor forma de evitar acidentes. O pessoal ficou tão animado que um grupo de ciclistas já se prepara para, nesta semana, colocar as bikes no carro e ir a Itu, no interior do estado. No roteiro, uma trilha de 6 quilômetros, parte em cascalho. Entrando na mesma onda, a Companhia Athletica criou a Companhia de Surf. As aulas teóricas são feitas na piscina, mas a academia possui bases de formação de surfistas nas areias das praias de Pernambuco e Iporanga, no Guarujá. O coordenador do projeto, Alan César, divide-se entre São Paulo e o município do Litoral Sul. De terça a quinta-feira, alunos com pranchas embaixo do braço caem nas águas sem ondas para aprender como sobreviver em cima de uma long board e conhecer as regras básicas para se tornar um futuro Kelly Slater. Times de dez a doze pessoas praticam o equilíbrio e usam técnicas de apneia para evitar possíveis caldos. Após três horas de treinos na piscina, dá para testar as habilidades no mar. Às sextas, sábados e domingos, as turmas se transferem para a areia. A clínica de surfe calcula ter formado 400 alunos desde 2002, todos com certificado de batismo. “O contato com a natureza deixa as pessoas mais descontraídas e ajuda na socialização fora do modelo quadradinho das academias”, acredita César.