As aulas tecnológicas das universidades de São Paulo
Simulador de voo, robôs, tinta especial e outras novidades colocam a cidade na vanguarda do ensino superior brasileiro
A “frota” da faculdade de aviação civil da Anhembi Morumbi vem crescendo rapidamente nos últimos anos. Depois do primeiro modelo, adquirido em 2003, outros dois foram postos à disposição dos estudantes e mais dez já estão encomendados para ser entregues nos próximos meses.
Trata-se de simuladores de voo de última geração utilizados de forma facultativa pelos alunos. O aparelho mais avançado permite viajar virtualmente a bordo de um Boeing 737. “Se eles fossem incorporados à grade normal curricular, a mensalidade, de 1.250 reais, passaria para cerca de 5.000 reais”, afirma o policial militar Edson Luiz Gaspar, coordenador do curso e um dos pilotos do grupo Águia da PM. Os equipamentos são tão fiéis à realidade que setenta horas de uso permitem ao aprendiz abater mais de 10% do total de 150 horas de voo exigidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a formação de pilotos profissionais.
+ Era digital faz parte da rotina estudantil
O caso é um exemplo de como algumas universidades vêm investindo em tecnologia para tornar mais eficiente o aprendizado. Principal centro de ensino superior do Brasil, com 192 instituições e 613.000 estudantes, São Paulo é a capital brasileira do diploma. Além de oferecer cursos para todos os gostos e bolsos, a cidade abriga algumas das salas de aula mais avançadas do país. Em muitas delas, giz e lousa não têm vez. O que se vê são telas de computador com softwares que replicam situações reais, objetos desenvolvidos pelos próprios alunos com tecnologia de ponta e ferramentas inovadoras capazes de aposentar antigas técnicas.
Nesse processo, áreas como engenharia e medicina se mostram mais avançadas. Na FEI, em São Bernardo do Campo, os experimentos do laboratório de física são cronometrados por um trilho de ar com sensores para a medição do tempo. A Faap criou um projeto interessante, com a ajuda dos cardiologistas do Instituto Dante Pazzanese, para produzir um coração artificial. Coube aos alunos desenvolver o mecanismo de monitoramento do órgão movido a bateria. “O estudo fica no limite entre a física e a medicina”, diz Francisco Paletta, diretor da faculdade de engenharia da Faap.
Em outro trabalho realizado na mesma escola, os jovens construíram um modelo capaz de usar o mínimo de combustível para alcançar o máximo de desempenho. Na medicina da Anhembi Morumbi, em vez de utilizarem cadáveres nas aulas de anatomia, os estudantes contam com uma série de métodos de ensino que inclui manequins de resina com órgãos que reproduzem todos os detalhes do corpo. Têm ainda à disposição um robô americano importado ao custo de 280.000 reais. A engenhoca simula reações humanas e tem batimentos cardíacos, respiração e pressão arterial. São avanços como esses que ajudam a pôr São Paulo na vanguarda do ensino superior brasileiro.