À moda antiga: homem presta serviços com sua máquina de escrever na Lapa
Carlos Alberto Queiroz, de 71 anos, preenche os documentos exigidos pela Polícia Federal em sua Olivetti dos anos 70
A cena chega a ser inusitada nos dias de hoje: de segunda a sexta-feira, na Rua Hugo D’Antola, na Lapa, onde funciona a Superintendência da Polícia Federal de São Paulo, um senhor preenche documentos exigidos pela PF em sua máquina de escrever. Morador do bairro, Carlos Alberto Queiroz, de 71 anos, trabalha no mesmo ponto há dezesseis anos, socorrendo com sua Olivetti dos anos 70 quem precisa entregar um formulário de última hora. Para chegar até o local, ele usa uma bicicleta, que também faz as vezes de mesa de trabalho.
Os inúmeros modelos de formulário não são um problema para Queiroz, que mantém mais de cem deles atualizados e dividi- dos em pastas. “Se procurar na internet dá até para encontrar, mas aqui auxilio as pessoas que desejam agilizar o processo”, conta. Avesso às tecnologias, ele não possui celular nem utiliza computador. Os estrangeiros, por causa da dificuldade da língua, são os que mais recorrem a seus serviços, que custam a partir de 10 reais. Queiroz se comunica com os clientes utilizando palavras em inglês, espanhol ou pedindo para que escrevam o número de documento e outras informações em um pedaço de papel.
Formado em jornalismo na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ele fez um curso de datilografia quando tinha entre 12 e 13 anos. Na década de 90 chegou a trabalhar com sua máquina na rua do cartório de notas, Afonso Sardinha, na Lapa, fazendo currículos e preenchendo fichas de banco. “Naquela época quase tudo era feito em máquina. Aos poucos, as coisas foram se transformando.”