Filme ‘A Estrada’ mostra terra sem alma nem lei
Romance futurista premiado com o Pulitzer ganha competente adaptação
Com lançamento previsto para o dia 9 e, depois, 16 de abril, ‘A Estrada’ chegou finalmente aos cinemas na última sexta-feira após um irritante estreia-não-estreia propiciado pela distribuidora Paris Filmes. O bom da história: é competente essa adaptação do romance homônimo de Cormac McCarthy, premiado com o Pulitzer em 2007. Trata-se de um implacável drama futurista, muito bem conduzido pelo diretor australiano John Hillcoat, conhecido no Brasil apenas pelo faroeste A Proposta, só lançado em DVD.
Ambientada num mundo pós-apocalíptico, a trama mostra como um homem (Viggo Mortensen) e seu filho de 10 anos (papel do expressivo Kodi Smit-McPhee) resistem em meio à miséria do planeta. Eles vagam como zumbis por estradas dos Estados Unidos e querem chegar ao litoral. Pelo caminho, encontram outros sobreviventes à procura de comida, já que a falta de alimentos criou uma horda de canibais famintos e violentos.
Embora elogiado no Festival de Veneza do ano passado, o longa-metragem passou batido em premiações americanas como o Globo de Ouro e o Oscar. Injustiçado, o filme merecia pelo menos indicação em três categorias: melhor ator (Mortensen), ator coadjuvante (para um irreconhecível Robert Duvall) e fotografia — um belíssimo trabalho em tonalidades cinzentas do espanhol Javier Aguirresarobe, o mesmo de ‘Vicky Cristina Barcelona’ e ‘Lua Nova’. Seja pelo retrato caótico e desumano do futuro, seja por evitar os truques fáceis das ficções científicas hollywoodianas, a fita ainda é capaz de deixar um nó na garganta devido ao desenlace triste e arrasador, porém esperançoso.
AVALIAÇÃO ✪✪✪