Ano: em 1954, vanglória e ufanismo paulistano
Para o historiador Marco Antonio Villa, foi um período culturalmente forte para a cidade
No primeiro minuto de 25 de janeiro de 1954, badaladas de sinos de igrejas começaram a ecoar pela cidade. Logo, juntaram-se a elas as sirenes das fábricas. O som anunciava o início das comemorações do quarto centenário de São Paulo. No mesmo dia, milhares de pessoas tomaram as ruas do centro para festejar e assistir à inauguração da Catedral da Sé (ainda inacabada após quatro décadas de obras). “Foi o ano da vanglória e do ufanismo paulistano”, diz o jornalista, escritor e articulista de VEJA Roberto Pompeu de Toledo. “São Paulo se vingava em alto estilo dos muitos anos de atraso e ostracismo no panorama das cidades brasileiras.” Eventos com a temática dos 400 anos se estenderam por meses. Teve Grande Prêmio em Interlagos, o Campeonato Paulista vencido pelo Corinthians (já em 1955), companhia de balé criada para a data… E a abertura do mais grandioso palco da celebração, o Parque do Ibirapuera — com seu complexo de belas construções assinadas por Oscar Niemeyer —, em 21 de agosto. “Foi um período culturalmente forte para a cidade”, afirma o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos. Apesar de tanta efervescência, 1954 não é unanimidade. “Escolho 1945, quando a II Guerra acabou e os paulistanos reuniram-se na Praça do Patriarca para comemorar”, destaca o filósofo José Arthur Giannotti. Outro ano lembrado foi 1822, em que as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante.
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VOTARAM
• Benedito Lima de Toledo, arquiteto e autor de dez livros sobre São Paulo
• Cecília Helena de Salles Oliveira, historiadora e diretora do Museu Paulista da USP (Museu do Ipiranga)
• José Arthur Giannotti, filósofo e professor emérito da USP
• Marco Antonio Villa, historiador e professor do departamento de ciências sociais da UFSCar
• Paulo de Assunção, historiador e autor de “São Paulo Imperial: a Cidade em Transformação”
• Roberto Pompeu de Toledo, jornalista, articulista de VEJA e autor de “A Capital da Solidão”