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Netflix e Amazon Prime: a Turquia em séries criativas e dramas melosos

8 em Istambul e Filhos de Istambul são atrações novas nas plataformas digitais. Confira outras dicas

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 mar 2021, 10h54 - Publicado em 18 mar 2021, 10h54
A série 8 em Istambul e o filme Filhos de Istambul: contrastes da Turquia
A série 8 em Istambul e o filme Filhos de Istambul: contrastes da Turquia (Divulgação/Divulgação)
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Sempre quis fazer uma lista com filmes turcos, desde o sucesso de Milagre da Cela 7. Não consegui. Só quebrei a cara com os longas-metragens que vi na Netflix, todos dramas melosos e apelativos sentimentalmente.

Ao contrário dos filmes, porém, as séries turcas me surpreenderam. Neste post, dou duas dicas: 8 em Istambul e Love 101. Faço também uma observação sobre dois filmes que, embora eu tenha visto, não me agradaram: o novo Filhos de Istambul, na Netflix, e Um Grito de Liberdade, no Amazon Prime Video.

8 em Istambul > Numa das primeiras cenas, Meryem (Öykü Karayel), timidamente, conta seu dia a dia para a terapeuta Peri (Defne Kayalar). Ela nunca fez análise e não sabe ao certo seu papel diante da psiquiatra. Humilde moradora de uma área rural de Istambul, Meryem faz faxina para ajudar nas despesas da casa, já que mora com o irmão e a cunhada. O relacionamento desse casal passa por turbulência. Ele trabalha como segurança de uma casa noturna e a esposa, em depressão profunda, não consegue nem mesmo se levantar da cama para cuidar dos filhos. A solução, seguindo as antigas tradições, está no ancião da aldeia, que sempre tem palavras de ajuda aos vizinhos. Os contrastes de Istambul estão impressos nos oito episódios da série, que toca em temas importantes, como saúde mental, abuso psicológico e sexo sem compromisso num país de maioria muçulmana. Não há, contudo, julgamento moral nem imposição para uma mudança de comportamento. Interpretados por um elenco fabuloso, os personagens são o que são — e isso só reforça a autenticidade do enredo. Está na Netflix.

Love 101 > Se não se passasse em Istambul, dava para apostar que Ask 101 (seu título original) seria uma série americana. Ou seja: as (belas) locações, o idioma e a cultura fazem diferença na história, ambientada em 1998, de quatro alunos rebeldes, que desafiam o sistema de ensino de um “high school”. Seja por agressão ou indisciplina, Sinan (Mert Yazicioglu), Kerem (Kubilay Aka), Osman (Selahattin Pasali) e Eda (Alina Boz) estão na mira do diretor da escola e prestes a ser expulsos. Só que a votação dos professores não termina com unanimidade por causa do veredicto de Burcu (Pinar Deniz). O jeito, então, é despachá-la para outra cidade. Desesperados, os alunos contam com a ajuda de uma colega certinha num plano: encontrar um amor para Burcu e, assim, fazer com que ela desista de se afastar do colégio. Parece uma trama bobinha, mas, em seu desenrolar, o roteiro enfoca o drama íntimo e familiar dos protagonistas (do abandono à repressão dos pais) e faz uma deliciosa combinação de romance juvenil com humor adulto. Aviso: a segunda temporada chega em breve. Está na Netflix.

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As séries turcas são boas, mas os filmes… 

A onipresente trilha sonora é sempre melosa e os dramas, que poderiam ser realistas, se apegam em reviravoltas tão trágicas que, em alguns momentos, beiram o risível. É o que ocorre em Filhos de Istambul, novidade da Netflix, que tem um bom ponto de partida: mostrar os desvalidos da metrópole turca por meio dos catadores de material reciclável. Mehmet (Çagatay Ulusoy) chefia um grupo de crianças e adolescentes em meio a crises renais. A doença pode colocar um ponto-final em sua vida, mas o menino Ali (Emir Ali Dogrul), encontrado por ele no lixo, vai lhe dar alguma esperança.
Igualmente um dramalhão rasgado é Um Grito de Liberdade, no Amazon Prime Video, com uma trama que tinha tudo para ser positiva. Só que não! Trata-se aqui do plausível relacionamento conflituoso de mãe e filha numa aldeia do interior do país. Ao ser aceita numa faculdade de Istambul, a moça deixa os pais e lá conhece um partidão rico. Tudo é contado de forma pasteurizada, com passagens do tempo mal explicadas e, claro, descambando num novelão para arrancar lágrimas. Para que tanta desgraça?

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