Moradores criticam inquérito que ameaça fechar escola em Pinheiros
Segundo síndica de prédio vizinho, o bairro tem passado por uma "invasão imobiliária" que pode ter motivado a denúncia, acreditam os condôminos
“Insuportável incômodo aos vizinhos”, descreve o promotor Marcos Lúcio Barreto em notificação entregue esta semana à direção da escola estadual Godofredo Furtado, em Pinheiros. Após a instituição ter sido informada sobre o inquérito aberto por causa do barulho dos estudantes, moradores se manifestaram contra a decisão.
“Estranhamos o promotor se apresentar em nome dos moradores”, diz Adilene Guirau, síndica do Condomínio Edifício Absoluto, localizado em frente à escola na Rua João Moura. “A pessoa é pública e pode ter representatividade, mas ele tinha que ter pelo menos ouvido mais os moradores próximos à escola.”
Segundo a síndica, o bairro tem passado por uma “invasão imobiliária”, o que pode ter motivado a denúncia. “As casas antigas praticamente não existem mais e a impressão que dá é que as empresas estão de olho nesse terreno super valorizado (da escola). Esse é nosso olhar.”
Em nota enviada à Vejinha, os moradores expressaram indignação: “Podemos afirmar que o barulho gerado pelas atividades dos alunos nunca causou incômodo excessivo, nem quando a escola estava em funcionamento normal, e menos ainda durante a pandemia. Ficamos surpresos com as afirmações feitas ao Ministério Publico, pois o relato não condiz com a realidade. E estamos tristes com a possibilidade levantada de interdição da escola, medida esta que julgamos ser indevida neste caso.”
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A nota reforça que “tanto a equipe quanto os alunos sempre se portaram dentro do limite aceitável de barulho — diferentemente de outros estabelecimentos da rua, como alguns bares e restaurantes que, mesmo após sucessivas reclamações dos moradores, continuam sendo fonte recorrente de incômodo e que, lamentavelmente, nunca sofreram intervenção do poder público a este respeito.”
O promotor do inquérito ameaça multar e interditar a escola se “providências imediatas” não forem tomadas e segue dizendo que pode apresentar um processo-crime contra o representante legal da escola. “Trata-se de uma pandemia”, afirma. “Imagine quem tem a infelicidade de morar ao lado de uma escola na hora do recreio.”
“Temos problemas muito piores”, reforça Adilene. “Até criamos um grupo chamado Carna Terror devido aos transtornos da época de carnaval e mais recentemente as academias não têm respeitado o horário estipulado pela prefeitura e fazem muito barulho durante os treinos de luta.”
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