Barba, cabelo e carão: salão de beleza gay abre 2ª unidade nos Jardins
Batizado de I Love Me, local atende público LGBTQIA+ nos Campos Elíseos e agora nos Jardins: 'Aqui os funcionários precisam entender de Britney Spears'
“Todo mundo ama se sentar em frente a um espelho de camarim”, diz, convicto, Felipe Ribeiro, 38. Quando teve a ideia de criar uma barbearia voltada ao público LGBTQIA+, sabia que luzes e glamour seriam parte fundamental do negócio — e assim entraram os grandes espelhos iluminados. “Minha inspiração surgiu em uma viagem à Rússia, onde conheci os salões especializados em maquiagens e penteados instantâneos”, relembra.
O formato não decolou em São Paulo, mas o toque feminino do espaço aberto em Campos Elíseos atraiu boa parte do público que não se identificava com as outras barbearias da cidade, quase sempre adornadas com imagens de motos, caveiras e mulheres seminuas. “As conversas nesses endereços eram sempre preconceituosas, tem esse clima de homem macho”, descreve. “Foi aí que eu pensei em fazer uma barbearia com cara de gay, para gays. E os héteros seriam as visitas.”
Batizada de I Love Me, ela passou a atrair cada vez mais mulheres, “incluindo as senhoras”, e os homens héteros, que se sentem bem-vindos. “Quando as manicures recebem os meninos, a primeira coisa que fazem é mostrar a prateleira de esmaltes, com naturalidade e sem bloqueios. Tem muito hétero-padrão pintando agora”, diverte-se.
Para acolher a clientela tão diversa, Felipe acaba de abrir sua segunda unidade, oito vezes maior, em frente à Padaria Bella Paulista. “Meus funcionários precisam entender o universo gay e gostar de conviver com tudo isso porque, na hora em que começa a tocar É o Tchan!, vira uma bagunça!”
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de outubro de 2021, edição nº 2760