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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPsonha: a promessa (não cumprida) da renovação do Arouche

Projeto de "boulevar francês" de João Doria tem bancos sem encosto, bancas de flores maltratadas e falta de zeladoria

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 mar 2020, 11h02 - Publicado em 20 mar 2020, 06h00

Parece uma blitz improvisada para pegar os infratores da Lei Seca. Infelizmente, é o resultado da “revitalização” do Arouche prometida em 2017: as balizas pintadas de preto e amarelo, recém-instaladas, já estão tortas, caindo ou até balançam com o vento. Uma das praças mais bonitas e históricas do centro, que certamente melhoraria muito apenas com um pouco mais de zeladoria, recebeu reforma com escassa atenção aos detalhes.

Balizas tortas e caindo na pré-inauguração (Raul Juste Lores/Veja SP)

O piso foi concretado por todos os lados (as enchentes não foram suficientes para educar a própria prefeitura sobre a necessidade de pisos mais permeáveis). Os novos bancos, sem encosto, parecem saídos de algum balneário decadente dos anos 1970. A administração municipal fez um concurso para escolher novo mobiliário urbano em 2016, mas nenhuma das peças vencedoras foi utilizada ainda.

Bancos premiados em concurso foram preteridos por este acima… (Raul Juste Lores/Veja SP)

O ponto considerado mais crítico do Arouche, as sofridas bancas de flores, não receberam um centavo da tal reforma. Além de maltratadas, elas são totalmente fechadas para o próprio largo. Infelizmente, as costas das bancas viraram mictório há tempos (a promessa de banheiros públicos por ali tampouco saiu). O projeto apresentado em 2017 pelo escritório de arquitetura franco-brasileiro Triptyque ao então prefeito João Doria, artífice da prometida renovação, previa que as bancas seriam abertas para os dois lados, levando vida àquele canto.

Asfalto em excesso e falta de zeladoria (Raul Juste Lores/Veja SP)

A proposta, a bem da verdade, já contava com premissas equivocadas desde o início. Doria falou em criar um “bulevar francês”, como se a presença das bancas de flores e do restaurante La Casserole fosse suficiente para evocar o Marais. O projeto inicialmente foi orçado em 6 milhões de reais, dos quais só foram arrecadados 2,5 milhões, principalmente com doações de multinacionais francesas. Dinheiro mais que suficiente para resultado tão modesto.

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Os fundos das bancas de flores viraram mictórios (Raul Juste Lores/Veja SP)

A prefeitura tem bastante experiência em pagar por serviços com acabamento chinfrim. A falha é suprapartidária. A gestão Fernando Haddad entregou o “novo” calçadão da Rua Sete de Abril, com 3 120 metros quadrados em apenas dois quarteirões, já com buracos, desníveis e infiltrações na própria inauguração, no fim de 2016 — ao custo de 2,1 milhões de reais (2,8 milhões em valores corrigidos). Antes dele, entre 2006 e 2007, o prefeito Gilberto Kassab também fez uma reforma nas calçadas dos 3 quilômetros da Rua Augusta. Os 16 000 metros quadrados de calçadas reformados custaram 2,2 milhões de reais (4,9 milhões hoje), mas estrearam na passarela com placas descoladas, níveis irregulares e afundamentos, como também noticiou a imprensa à época. As desculpas vão da falta de experiência dos fornecedores à mão de obra sem treinamento. Mas esse histórico recente causa mais temor quando se aguarda o resultado da reforma dos 40 000 metros quadrados do Vale do Anhangabaú do governo Bruno Covas.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 25 de março de 2020, edição nº 2679.

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