Os 60 anos do Bretagne
O edifício na Avenida Higienópolis envelheceu muito bem. Continua pop, colorido e com unidades disputadas

Há exatos 60 anos, em novembro e dezembro de 1958, cartazes e cartões-postais convidavam os vizinhos a visitar o mais novo prédio da Avenida Higienópolis. Não havia uma única unidade à venda, mas o arquiteto autodidata e incorporador João Artacho Jurado estava tão pimpão com seu último prédio, que queria que as pessoas o visitassem assim mesmo (em uma São Paulo sem grades ou guarita, isso era simples).
O Bretagne foi inaugurado com uma festa no final de outubro daquele ano, em que compareceram, além dos futuros moradores, o astro Anselmo Duarte, a colunista social Alik Kostakis e até a consulesa da França (convidada por conta da região francesa que batiza o edifício).
Tudo chamava atenção: a piscina sinuosa no térreo, um bar privativo para os moradores, um salão de musica com piano e sofás, um salão infantil decorado por cenas de “Alice no País das Maravilhas”, e um salão de festas cor de rosa e azul sobre colunas onduladas revestidas com pedra canjiquinha. No topo, um jardim de inverno coberto por uma marquise colorida e cheia de curvas, em um cruzamento de Niemeyer com o cinema technicolor. Com unidades de diversos tamanhos (as menores com 80 m2), levava uma nova classe média emergente ao bairro aristocrático, e facilidades de clube, em uma época que só os mais ricos tinham acesso a eles.
Foi lançado do em dezembro de 1950, mas a construção começaria alguns anos depois (à época, sem financiamento, esperava-se vender primeiro todos os apartamentos). Sessenta anos depois, o Bretagne envelheceu muito bem. Continua pop, colorido, com suas unidades disputadas – já foi chamado de palácio de diversão e melhor residencial do mundo por publicações inglesas.


