Após sofrer críticas por aparecer sempre com as mesmas roupas no Masterchef Brasil, Caroline Martins, que participa da quarta temporada do programa, publicou em sua conta pessoal do Facebook um texto em resposta aos comentários negativos. “Jovens, estou recebendo várias menções no Twitter sobre sempre usar as mesmas roupas, e acho legal compartilhar com vocês a ideologia por trás disso, pois este estilo de vida vai muito mais além das minhas vestimentas”, escreveu a pós-doutora em física.

No relato, ela conta que desde a infância sentiu uma pressão muito grande em relação ao seu peso e cabelo. “Unhas pintadas e cutículas aparadas. Dieta 24 horas por dia. E as roupas? Sapatos? Mesmo vivendo com pouco durante a faculdade, sempre achava uma forma de comprar roupas novas a cada visita ao shopping. Cartão Marisa: check! Cartão C&A: check! Cartão Renner: check! Inúmeros carnês de lojas populares, típicas de Centrão de cidade do interior”.

Calorine diz que continuou com o mesmo estilo de vida priorizando o consumo de roupas e cremes de beleza também durante o doutorado, agora em uma cidade maior: “amigos diferentes, ambiente diferente, pagamento maior, e como acreditava que o meu valor era ditado pela minha aparência: dá-lhe mega hair nos cabelos, dá-lhe mais dietas, dá-lhe Carmem Steffens, dá-lhe Mr. Office, dá-lhe Zara. Cartão de crédito sempre estourado. Sempre sem dinheiro. Viagem com os amigos? Não posso. Dinheiro para um bom vinho? Não tenho.”  (…) “O que eu tinha? Muitas roupas, muitos calçados, cintura 36, cabelos longos e sedosos, maquiagem top pra rebocar meu rosto e, claro, não pode faltar, creme anti rugas. Pois onde já se viu a mulher com quase 30 anos não usando creme anti idade?!”

O questionamento pessoal e mudança radical de estilo de vida aconteceu, segundo ela, anos depois, quando estava de malas prontas para sair do país e cursar o pós-doutorado nos Estados Unidos. Ela decidiu que, durante seis meses, usaria somente seis trocas de roupa e dois pares de sapatos.  “Nas primeiras semanas de trabalho eu ficava com medo das pessoas notarem que eu sempre usava as mesmas roupas. Na portaria do meu dormitório tinha medo até mesmo do porteiro notar. Sabe o que aconteceu? Ninguém notou. Em seis meses ninguém reparou as repetições das minha roupas ou dos sapatos. Ou se notaram, não verbalizaram. Depois de 6 meses percebi que todas as minha neuras não mais faziam sentido. Percebi que as pessoas que gostaria que ficassem ao meu lado, não se baseariam apenas no que visto e no que calço. Se baseariam em suas afinidades para comigo”, afirma.

Ela diz que adota esse modelo até hoje e que isso foi fato libertador para que pudesse ter mais tempo e dinheiro para as coisas com as quais realmente se importava. “Me desprender do consumismo excessivo foi uma das minhas melhores decisões. Então, coleguinhas que me perguntam, a resposta é: Sim! Só tenho estas roupas! E, Sim! Só tenho duas botinhas! Com muito orgulho!”, completa.

Publicado na última quarta-feira (19), o post já possui mais de 28 000 curtidas e mais de 3 600 comentários apoiando a cozinheira.

Confira abaixo, o texto na íntegra e a repercussão do caso no Twitter:

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