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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Prefeitura tenta há um ano obter a posse de sobrado histórico no centro

O imóvel, construído na Rua da Consolação em meados do século XIX, foi invadido há mais de uma década

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Ricardo Chapola
15 fev 2019, 12h54

Construída entre 1920 e 1930 e tombada em 2006 pelo órgão municipal de patrimônio municipal, o Conpresp, a antiga Mansão Florentina, na esquina da ruas da Consolação e Visconde de Ouro Preto, está abandonada há décadas. Conhecido como “Casa amarela”, o imóvel é alvo de uma ação de reintegração de posse, promovida pela prefeitura, há mais de um ano. Em março passado, a Justiça chegou a determinar a desocupação do espaço, cujo terreno tem mais de 1 700 metros quadrados, mas uma liminar barrou a medida.

Na última semana, um amontoado de lixo ocupou toda a calçada e os pedestres tiveram de se arriscar no meio da rua para poder seguir o caminho. “Retiramos de uma só vez mais de 3 toneladas de lixo. Algum morador das invasões se muda e deixa tudo por lá. Quem chega, joga os materiais fora e reconstrói do jeito que quiser”, afirma o subprefeito da Sé, Roberto Arantes.

(Reprodução/Instagram/Veja SP)

O imóvel pertenceu ao INSS e foi repassado à gestão paulistana em 2017. A ideia da prefeitura é transformar o espaço em uma área cultural pública. Atualmente, a mansão é divida em duas comunidades. A da esquina com a Rua Visconde de Ouro preto é autodenominada “Quilombo Afroguarany” e abriga artistas de rua (VEJA SÃO PAULO contou a história do lugar em 2016). Ali, as festas nos fins de semana costumam ir até a manhã seguinte e desagradam os vizinhos. A outra parte do terreno possui característica distinta e é destinada a moradores sem-teto que construíram várias edificações precárias dentro do terreno. “Hoje o que nos causa mais incômodo são os assaltos. Não se trata de discriminação, mas os ladrões saem dali e vão assaltar pedestres e motoristas que andam na Consolação. Da janela a gente os vê pulando o muro de volta”, afirma uma moradora que pediu para não ser identificada.

“O espaço é ocupado por pessoas que não têm problemas de moradia. Além de estar em um lugar que não lhes pertence, eles jogam o esgoto direto na rua, sem falar em riscos de dengue”, afirma Marta Regairás, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da Consolação. “Não se justifica um juiz conceder uma liminar, contrariando o Ministério Público. Acreditamos que ele está redondamente enganado com algumas percepções absurdas. Será que as autoridades estão esperando uma nova tragédia para tomar as providências? Não faz nem um ano que o edifício Wilton Paes de Almeida ruiu devido a um total descaso político”. 

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Marta se refere a um parecer do MP paulista que atesta péssima situação estrutural das edificações. “Buscando assegurar a segurança e integridade física dos frequentadores da Casa Amarela, diante da notícia de que o imóvel: (i) quer referente à salubridade, instalações sanitárias, instalações elétricas e preservação física da construção, requer ação imediata de reforma para torná-la em condição aceitável para utilização e (ii) está com paredes internas e externas grafitadas e ou pichadas, esquadrarias metálicas enferrujadas ou madeira apodrecidas, pontos de infiltração de águas pluviais por cobertura danificada, calhas de captação e escoamento totalmente enferrujadas, instalações elétricas e hidráulicas comprometidas”.

Nesta sexta-feira (15), VEJA SÃO PAULO esteve no local e conversou com os moradores da “ala artística” do terreno. O imóvel estava trancado. Segundo contaram, o motivo seria o fato de que homens armados tentaram expulsá-los do local na noite anterior. “Eles pularam o muro que separa as duas comunidades. Pegamos pedaços de pau para nos defender, mas graças a Deus eles foram embora”, afirma uma mulher que pediu para não ser identificada. “Mas sabemos que eles podem voltar. Aqui tem família com crianças”.

(Sérgio Quintella/Veja SP)
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