Dois anos após levar tiro, empresário paulistano sonha voltar a andar

O empresário Daniel Whitaker Sobral, de 44 anos, diz que estava no lugar errado e na hora errada. Em 12 de novembro de 2016, ele e a vendedora Edna Amaralina da Silva, de 26 anos, aguardavam uma pizza no apartamento da moça, na Vila Mariana (Zona Sul) quando o ex-marido dela, o corretor de imóveis Hugo Gabrich, 52, entrou no local e atirou nos dois. Edna morreu na hora e Sobral perdeu o movimento das pernas.

Dias depois, o assassino foi preso, Edna sepultada e Daniel começou sua longa recuperação. O caso de feminicídio ganhou todos os noticiários do país. Após ficar internado no hospital Samaritano, em Higienópolis, ele foi submetido a várias cirurgias, mas não conseguiu recuperar a mobilidade dos membros inferiores. A partir daí, decidiu que iria se preparar para quando a medicina o fizesse andar novamente.

Apaixonado por esportes, não podia mais jogar pólo aquático no Clube Harmonia, no Jardim Europa, onde frequentava. O futebol e as corridas também não seriam mais possíveis. Restou-lhe a musculação e a natação, que o ajudam a fortalecer os músculos. “Estou me preparando para quando vier algo no futuro, senão a gente perde a esperança. Nunca fiquei parado pensando, chorei apenas uma vez e sei que um dia vou recuperar os movimentos”, afirma. Durante as sessões de tratamento no Instituto Lucy Montoro, na Vila Mariana, ele arrumou um novo motivo para continuar as árduas horas de exercícios.

Foi lá que ele conheceu uma fisioterapeuta de 33 anos que hoje é sua namorada, quase esposa. Sem citar o nome da moça, diz que ela o ajuda nas atividades. “Tenho que estar sempre disposto, e minha mulher me ajuda sempre”, diz. Há quatro meses, o casal, que começou a namorar em fevereiro deste ano, se mudou para Itatiba, no interior. Sócio de uma rede odontológica com várias unidades espalhadas pela região de Campinas, o empresário consegue ficar perto dos negócios e manter uma boa qualidade de vida.

Sem olhar para o passado e de olho no futuro, ele acredita que a medicina vai conseguir fazê-lo recuperar o movimento nas pernas. Este ano, esteve em Israel para ser submetido a uma consulta com o médico especializado em reabilitação Gabi Zeilig, que o aconselhou a manter as atividades físicas. No ano que vem, irá ao Japão participar de uma feira de tecnologia voltada a reabilitação física. “É um processo lento”, afirma.

Sobre o assassino que tirou a vida da ex-mulher e lhe deu quatro tiros, Daniel Sobral diz querer apenas justiça. A tramitação do processo criminal de Gabrich está em segredo judicial e o julgamento ainda não foi marcado. A defesa tentou que o réu aguardasse o julgamento em liberdade, sob a alegação de que ele estivesse deprimido, mas o juiz do caso não aceitou.

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