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“Mulheres”: Mário Bortolotto muito perto de Bukowski

Em 2003, sob a direção de Fauzi Arap, Mário Bortolotto interpretou num solo um de seus grandes ídolos, o escritor Jack Kerouac (1922-1969). Passada uma década, o ator e adaptador mergulha no universo de outra de suas inspirações artísticas e comportamentais, talvez a maior delas, Charles Bukowski (1920-1994). O drama “Mulheres” remete à sua própria […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 11h31 - Publicado em 30 jan 2013, 14h30
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Mário Bortolotto interpreta Henry Chinaski, alter ego do escritor Charles Bukowski (Fotos: Gisela Schlögel)

Em 2003, sob a direção de Fauzi Arap, Mário Bortolotto interpretou num solo um de seus grandes ídolos, o escritor Jack Kerouac (1922-1969). Passada uma década, o ator e adaptador mergulha no universo de outra de suas inspirações artísticas e comportamentais, talvez a maior delas, Charles Bukowski (1920-1994). O drama “Mulheres” remete à sua própria história de vida e isso já torna tudo interessante o suficiente. Pode-se levantar a questão de que Bortolotto quase nunca se afasta de uma persona estabelecida – o que o reduziria como ator. Neste trabalho, porém, ao assumir plenamente as influências e a própria relação de ídolo e fã, ele apresenta uma criação inspirada e comprova talento de intérprete quando bem dirigido.

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Após um longo jejum sexual, o escritor cinquentão Henry Chinaski (Bortolotto) começa a fazer relativo sucesso e percebe o interesse feminino. Entre idas e vindas, Lydia (papel de Fernanda D’Umbra, agora substituída por Erika Puga) representa seu referencial amoroso. O ideal de solidão e a fartura em sua cama, no entanto, confrontam-se com a incapacidade de estabelecer um relacionamento.

Capitaneada pela também diretora Fernanda D’Umbra, a encenação sublinha o contraste entre o protagonista e as figuras femininas – todas um tom acima, beirando a histeria – que cruzam sua vida e alimenta a sobreposição de Bortolotto ao personagem. O quanto tem de verdade na ficção não é possível saber. O fato de a direção ser assinada por D’Umbra, ex-mulher do ator e dramaturgo, no entanto, permite que o distanciamento diminua e o real dê contornos mais profundos a Henry Chinaski e a todas aquelas situações.

Danielle Cabral, Wanessa Rudmer, Maria Tuca Fanchin e Pablo Perosa completam o elenco da montagem em cartaz no Teatro e Bar Cemitério de Automóveis, na Frei Caneca, espaço encampado por Bortolotto que já começa a ser disputado pelo público para ver uma peça ou beber antes e depois. Ah, o ingresso é na base do pague quanto quiser ou puder. Vambora!

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Wanessa Rudmer e Bortolotto em cena no Teatro e Bar Cemitério de Automóveis

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Leia entrevista com atores, diretores e dramaturgos com Mário Bortolotto.

 

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