Com coros e nostalgia, Sandy & Junior levam espetáculo a estádio
Num show cheio de cores e ação, teve espaço até para menção à Amazônia

Depois de mais de dez anos em carreiras separadas, os irmãos Sandy & Junior anunciaram uma reunião, batizada de Nossa História, para relembrar os trinta anos de jornada de cada um e os dezessete como dupla, sem pretensão nem mesmo de transformar a empreitada em DVD, por exemplo. Um presente para os fãs saudositas.
A plateia, em sua maioria feminina, na faixa dos trinta anos, lotou o estádio assim que os portões foram abertos. Quem teve a sorte de ainda ter contato de longa data, levou as amigas de infância. A expectativa era elevada com o relógio que aparecia de tempos em tempos no telão, com imagens dos irmãos antes mesmo da fama.
Em um visual potente do palco, as silhuetas dos irmãos surgiram em um grande triângulo de led e mandaram Não dá para não pensar. Era bem grande a responsabilidade da dupla e da produção: entregar um show nostálgico, sem deixar cair a potência e ainda acertar no repertório de quase vinte anos de produção que condiz com a idade deles e da maioria do público. Ponto para eles.
Os clássicos mais dançantes da pré-adolescência Beijo é Bom, Etc… e tal, Vai ter que rebolar, Dig Dig Joy e Eu quero mais entraram num meddley com direito a coreografia – nada de grandes piruetas, mas o suficiente para mostrar que a dupla estava dedicada, como sempre foi. Da adolescência, teve uma homenagem um tanto fofa à série Sandy & Junior, exibida pela Globo, entre os anos de 1999 e 2001. Trazendo para 2019, um grupo fictício de Whatsapp foi criado e exibido no telão trazendo os personagens da época. A reação do público: “oun…” generalizado.
Assim como nos CDs, predominaram as músicas mais românticas, que levantaram coro e mostrou como Sandy é uma grande cantora. Estranho Jeito de Amar, Inesquecível, Imortal, apresentada de forma grandiosa, e A Lenda, foram algumas das que emocionaram. Já em um momento acústico, trecho do espetáculo que costuma mudar de cidade para cidade, os irmãos levam versões mais curtas das canções. Sentados no chão do palco, Junior ao violão, eles contam que a ideia da dupla surgiu de momentos como esses, na sala de estar, com o pai, Xororó. Na seleção para o público paulistano entraram Você pra sempre (Inveja) e Ilusão, mais comuns nos roteiros anteriores, e Não Ter, Era Uma Vez e O Amor faz.

Se no geral, a mensagem era para os apaixonados, houve um instante de protesto político, que durou pouco – não é do feitio da dupla se posicionar abertamente sobre o assunto. Depois da faixa Libertar, já com o palco escuro, foi Junior que mandou o recado: “deixem a Amazônia em paz”. Na plateia premium, se ensaiou um “ele não” e outras manifestações contra o presidente, mas não a ponto de tomar corpo.
E quem achou que Junior poderia ficar apagado, o músico estava ligado no 220. Dançou com potência, interagiu, chamou a responsabilidade para as suas músicas — Sandy ficava elegantemente na parte de trás do palco, ou nem entrava nele, para que o rapaz desse seu espetáculo. E deu com Aprender a Amar, Enrosca, um solo de bateria tocado com muita energia, e a versão suave de Superman (It’s Not Easy), de Five For Fighting, batizada de Super-herói.

Por duas vezes, o telão pedia para que as pessoas abrissem o aplicativo do show no celular. A expectativa era de algum efeito especial, mas talvez por aqui, este não tenha funcionado. Estes ficaram mesmo para as lanternas dos celulares que iluminaram o estádio.
Com o final de brilhar os olhos e aquecer o coração com as memórias da infância/adolescência, Vamo Pulá levantou a turma como numa festa, com direito a fogos, bolas gigantes pela plateia e chuvas de papel picado. Quem conseguiu um dos 45 000 ingressos, saiu sorrindo e deve ter passado a noite cantando. A dupla retorna ao Allianz Parque no domingo (25) e nos dias 12 e 13 de outubro, todos com as entradas esgotadas.