Por que O Poço e A Casa, na Netflix, estão fazendo sucesso na pandemia?
Os longas-metragens espanhóis ocupam as primeiras posições no Top 10 Brasil na plataforma de streaming
Estamos vivendo tempos sombrios e incertos com a pandemia do novo coronavírus. Ninguém tem a resposta de como será o amanhã. E foi, justamente isso, que me fez ver a importância de filmes como O Poço e A Casa, que chegaram praticamente juntos na Netflix e estão entre os mais vistos no Brasil. Filmes espanhóis, que tocam em temas como desigualdade econômica, isolamento e desemprego. Confira abaixo minhas avaliações.
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O Poço > Durante a pandemia do coronavírus, que ameaça a economia do país, um filme sobre a diferença de classes sociais chega para atiçar os ânimos mais polarizados. Nada sutil, a trama mostra uma cadeia vertical onde as celas acomodam dois prisioneiros. Goreng (Ivan Massagué) se autoisolou para conseguir “um certificado”. Seu companheiro de espaço é um senhor que cumpre pena por uma morte acidental. Por um buraco, descem restos de comida vinda de andares superiores, onde estão os mais privilegiados. Estreando em longa-metragem, o diretor basco Galder Gaztelu-Urrutia se debruça sobre o terror gore em sua torturante e sangrenta crítica ao “sistema”. Não poupa o espectador com cenas de canibalismo, suicídios e violência ultrajante. Funciona como um tratamento de choque, por mais que o terreno seja o de uma sociedade distópica.
A Casa > Javier Muñoz, papel de Javier Gutiérrez, está à beira do desespero. Publicitário desempregado há um ano, ele não encontra trabalho por ser considerado ultrapassado. Suas economias estão acabando e só resta desocupar o belo apartamento alugado em Barcelona e mudar-se com a família para um imóvel menor e modesto. Inconformado, Javier só tem um objetivo em mente: aproximar-se do empresário Tomás (Mario Casas), que, agora, mora com a esposa e a filha na casa que foi sua. Há várias leituras para uma trama pontilhada de temas interessantes, como o alcoolismo, a desestabilidade psicológica provocada pelo desemprego e, sobretudo, as atitudes extremas que levam o protagonista a exterminar os laços afetivos em nome de um bem material. Numa época de pandemia, em que a distribuição de renda e o futuro da humanidade são repensados, o filme cai como uma luva.
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