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Netflix: um belo doc sobre Roma e o cinema mexicano em mais 5 bons filmes

7:19, por exemplo, é sobre um terremoto que atingiu a Cidade do México, em 1985

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 mar 2020, 15h36 - Publicado em 20 mar 2020, 11h43
 (Divulgação/Divulgação)
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Decidi fazer este post sobre cinema mexicano por causa de três diretores: Alfonso Cuarón (de Roma e Gravidade), Alejandro Iñárritu (de Birdman) e Guillermo del Toro (de A Forma da Água). Você reparou que os três realizadores mexicanos foram vencedores do Oscar nos anos 2010? Fui, então, atrás de outros filmes mexicanos na Netflix e, surpresa!, encontrei trabalhos muito interessantes.

> Um dos melhores longas-metragens de 2018, Roma, que também está na Netflix, levou três prêmios no Oscar 2019: melhor filme estrangeiro, direção e fotografia, os dois últimos para Alfonso Cuarón. O cineasta mexicano relembrou no filme a história de sua babá, interpretada por Yalitza Aparicio, em meio às transformações sociais do México do início dos anos 70. Quem gostou do magnífico trabalho não pode perder o documentário Camino a Roma. Trata-se de um detalhista depoimento de Cuarón para os codiretores Andres Clariond e Gabriel Nuncio. O filme dura pouco mais de uma hora, é falado em espanhol e, ao contrário de Roma, foi realizado em cores. Cuarón rememora cenas emblemáticas e a opção em escolher como protagonista uma atriz que não tivesse experiência profissional. Na sequência em que a personagem Cleo dá à luz o filho, Yalitza não sabia que (spoiler!) o bebê nasceria morto — o que só aumentou a carga emocional no set e nas telas. Além da opção pela fotografia em preto e branco (era assim que Cuarón enxergava suas memórias), a impecável produção de época usou móveis e objetos originais. Até uma avenida, com lojas e cafés, foi reconstituída, já que a Cidade do México mudou muito de cinquenta anos para cá. “É o primeiro filme que eu fiz que realmente abraça o tipo de cinema ao qual aspiro”, diz Cuarón. Não é à toa, portanto, que Roma seja sua obra-prima.

> Em 19 de setembro de 1985, a Cidade do México foi abalada por um terremoto de magnitude 8,3 na escala Richter. O drama 7:19 não é um disaster movie — muito pelo contrário. Após a rápida cena do abalo sísmico, a história concentra-se na sobrevivência de dois homens, soterrados pelos escombros. Prestes a se aposentar, o porteiro Martin (Héctor Bonilla) conta com a ajuda do chefe (Demián Bichir) para pedir auxílio. Mas as diferenças hierárquicas e sociais vêm à tona em meio a uma situação claustrofóbica e angustiante.

> Adrian Ladron interpreta Zambrano, um jovem de 23 anos que, deixado pela mãe num internato, foi preso, já adulto, por roubo de carro. Numa penitenciária da Cidade do México, o rapaz faz de tudo para integrar o time de futebol americano, que tem regalias e recebe tratamento especial na cadeia, além de os jogadores serem paparicados pela diretoria. A 4ª Companhia parte de uma história real para expor um sistema de corrupção que envolvia desde oficiais do Exército até a polícia. Embora tenha momentos confusos e muitos personagens, o filme consegue unir a denúncia ao sistema com entretenimento dramático.

> Há um interessante conflito de gerações em Warehoused (ou Almacenados, no original), exemplificado nos personagens Nin e Lino, papéis de Hoze Meléndez e José Carlos Ruiz. Em seu primeiro dia de trabalho, o rapaz é recebido friamente por seu veterano chefe. No galpão de uma fábrica de mastros e postes de alumínio, a dupla de funcionários só tem de esperar a chegada de um caminhão da empresa. Como isso nunca ocorre, o impaciente e proativo Nin questiona seu severo e incorrigível parceiro. Nasce aí uma amizade às avessas que exibe as diferenças entre o passado e o presente de um México atolado na estagnação.

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> A comédia dramática italiana Perfetti Sconosciuti tem o roteiro mais refilmado da história recente. Há versões grega, turca, espanhola, francesa, sul-coreana e alemã. A adaptação mexicana, Perfeitos Desconhecidos, segue fielmente o original, mas seu desfecho se diferencia de outros por ser menos enigmático. O ponto de partida é um jantar entre amigos — três casais e um solteirão. Uma das mulheres propõe, então, um jogo: todos devem deixar o celular na mesa e mostrar aos colegas as mensagens que receberem. Começa aí uma trama que, entre risos e lágrimas, expõe segredos e mentiras.

> A comédia mexicana Tempo Compatilhado começa bem ao mostrar a frustração de uma família ao saber que terá de dividir seu quarto num resort com outras pessoas. Mas a paranoia do protagonista (Luis Gerardo Méndez, na foto) toma rumos divertidos.

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