Em série da Netflix, Elize Matsunaga ganha voz sobre crime que cometeu
Sentenciada a 19 anos de prisão por assassinar e esquartejar o marido em 2012, ela dá detalhes sobre sua motivação em série Era Uma Vez um Crime
✪✪✪ Em 2012, Elize Matsunaga, hoje com 39 anos, chocou o país pelo crime que cometeu em sua própria casa: assassinou e esquartejou o então marido, Marcos Matsunaga, CEO da empresa Yoki. Quase dez anos depois, a Netflix e a produtora Boutique Filmes lançam uma série documental que narra diversos fatos, incluindo a vida pessoal do casal (fã de viagens e de caça) e as possíveis motivações do ato violento.
Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime, com quatro episódios, tem como principal intenção apresentar o lado da mulher, ainda que esse terreno seja extremamente complexo. Dirigida por Eliza Capai (Espero Tua (Re)Volta), a produção não fecha os olhos para o crime bárbaro e detalha os dois olhares sobre a mesma história com depoimentos diversos.
As famílias de Elize e Marcos têm a palavra e, com suas vivências sobre o ocorrido e também sobre a viúva (que sofreu abusos do padrasto), entregam mais camadas à narrativa, formando um conjunto de informações e dúvidas que torna todo o cenário ainda mais embaraçado.
Jornalistas que cobriram o caso, assim como advogados, delegados e um chamativo perito, completam o time de depoentes — mas, por bem ou por mal, são as palavras de Elize que mais ganham a atenção da montagem. Se por um lado a figura é capaz de ser humanizada devido ao espaço que a direção lhe dá (principalmente quando fala da filha, que está sendo criada pela família paterna e Elize não pode encontrar) e por afirmar ter vivido um casamento infeliz com traições, do outro é praticamente impossível deixar de lado os detalhes do assassinato.
Era Uma Vez um Crime faz um bom trabalho ao expor o máximo de material sobre o caso, embora sem trazer novidades, para, então, deixar o julgamento final para o espectador (é possível compreender os motivos de alguém que foi condenado por um crime brutal?).
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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de julho de 2021, edição nº 2747