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“Não sou antitecnologia, mas podemos redescobrir prazeres analógicos”

Um dos fundadores da revista 'Wired' no Reino Unido, David Baker é apaixonado por tecnologia, mas prefere as conexões humanas reais às digitais

Por David Baker
Atualizado em 1 nov 2019, 11h04 - Publicado em 1 nov 2019, 06h00

UM PÉ EM CADA CANOA

A minha vida toda eu me interessei por tecnologia. Em 1980 estava construindo computadores. Mas também sempre estive interessado em literatura e filosofia. Isso me colocou numa posição interessante. Quando os telefones celulares começaram a se popularizar, percebi que havia um problema com a tecnologia: as pessoas ficaram mais dispersas.

POR QUE SEMPRE CONECTADOS?

A tecnologia é ótima. Mas temos de resgatar a nossa autonomia. Henry David Thoreau escreveu que estamos nos tornando “ferramentas de nossas ferramentas”. Um martelo é útil para pregar coisas, mas não achamos que precisamos de um martelo em cada cômodo. A internet é útil para muitas coisas, mas será que precisamos dela o tempo todo, em todos os lugares?

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UM ALARME PARA DESPERTAR

Quando usamos o celular como alarme, imediatamente podemos ver notificações de aplicativos. Comprei um alarme de bateria que mudou meus dias. Assim sou capaz de adiar o momento de pegar o telefone.

DEMANDAS DEMAIS

As pessoas respondem a e-mails de trabalho durante as férias, na praia. Temos a ilusão de que podemos estar 100% conectados no trabalho e 100% conectados com quem amamos. Esses 100% vão colidir em algum momento, e nós não conseguiremos lidar com todas as demandas. Ficamos ansiosos se alguém não responde imediatamente a uma mensagem que enviamos por WhatsApp e logo começamos a interpretar por que a pessoa fez isso.

DOIS PONTOS DE PARTIDA

Autoconhecimento é o que pode nos reconectar. Sugiro que todos pensem: estou usando a tecnologia do jeito que eu gostaria ou da forma como alguma empresa do Vale do Silício planejou? Na sequência, a sugestão é que você faça pequenos experimentos. Como seria não ler os e-mails depois do expediente, só para ver o que acontece? Ainda que você tenha o aparelho e veja a notificação, não os leia. Talvez você descubra no dia seguinte que não aconteceu nenhum desastre.

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SEM DISTRAÇÕES

Entramos em pânico quando esquecemos nosso telefone em casa. Muitas vezes usamos a tecnologia para nos distrair de pensamentos difíceis ou para evitar conversas. Precisamos de ajuda, por isso sou fã de terapia.

PARE DE CARREGAR PEDRAS DIGITAIS

Se eu lhe desse uma pilha infinita de pedras e você tivesse de carregar todas elas de um lado para outro, seria uma tortura. Agora pense no movimento de “scrollar” uma tela. É como se tivéssemos de carregar uma imagem de um lado para outro, uma versão digital desse carregar de pedras. Olhamos o rosto das pessoas fazendo isso no metrô: elas não estão cheias de alegria ou encantamento, estão anestesiadas. Isso não é aproveitar a tecnologia a nosso favor, é ser submisso a ela.

PRAZERES ANALÓGICOS

Algumas coisas, felizmente, a tecnologia não pode fazer por nós. Sentir o tato de um livro, o peso das páginas, por exemplo, é uma experiência insubstituível. Cheirar o perfume de uma folha de planta com que cruzamos no caminho não custa nada, mas muitas vezes nem reparamos nela. Podemos ouvir uma música do começo ao fim sem interrupções, sem clicar no aplicativo ao lado. Não sou antitecnologia, mas podemos redescobrir prazeres analógicos. Uma conversa ao vivo com um amigo de verdade nunca será substituída por conexões digitais. Podemos celebrar coisas cotidianas, da forma como os artistas fazem.

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(Beth Crossland/Divulgação)

David Baker, um dos fundadores da revista Wired no Reino Unido, é professor da The School of Life. Apaixonado por tecnologia, consegue deixar o celular fora do quarto. Não está nas redes sociais e carrega sempre um bloco de notas (analógico) para rabiscar a lápis. Prefere as conexões humanas reais às digitais.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 06 de novembro de 2019, edição nº 2659.

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