“Enquanto Chão”: monólogo confronta tradição e progresso
A montagem do grupo A Próxima Companhia tem apresentações no primeiro fim de semana do ano no Sesc Ipiranga
A entrada do auditório do Sesc Ipiranga é liberada, e o público se surpreende com um espaço vazio. O monólogo Enquanto Chão ganha forma aos poucos, através da presença simpática do ator Caio Franzolin e do convite dele para que os espectadores colaborem na organização do espaço. O protagonista pede apoio para colar as bandeirinhas de papel, organizar flores e fotografias, além de arrumar as quarenta cadeiras espelhadas pela sala.
A proposta é reproduzir no ambiente sensações semelhantes as de uma festa popular, como aquelas que agitam as ruas do Canela e do Patrimônio. As duas comunidades, respectivamente em Palmas (TO) e Uberlândia (MG), conheceram o progresso nos últimos anos e viram enfraquecidas suas tradições e manifestações culturais por causa de novos moradores e da exploração turística.
Apoiado na dramaturgia de Solange Dias e na direção de Rafaela Carneiro, Franzolin alterna o papel de narrador com a dramatização de depoimentos dos habitantes. Gradualmente, o intérprete puxa uma rouquidão da voz, altera a postura e assume uma série de tipos de diferentes idades e personalidades. Em meio ao desafio de versatilidade, ele ainda serve bolos típicos, oferece café adocicado e refrigerante, e, como em uma boa festa, convida o público para dançar. Nem todos entram no baile, mas a maioria sai do teatro disposto a refletir sobre as perdas e os ganhos do avanço (80min). 12 anos. Estreou em 2/12/2017.
+ Auditório do Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga. Sexta (5/1), 21h30; sábado (6/1), 19h30; domingo (7/1), 18h30. R$ 20,00.