Cinco peças para ver no fim de semana
O ano começa com boas atrações que já fizeram sucesso na temporada passada
Depois de Gota d’Água [A Seco] e Os Arqueólogos, o encenador Rafael Gomes fechou o profícuo ano de 2016 com o drama Jacqueline, livremente inspirado na trajetória da violoncelista inglesa Jacqueline Du Pré (1945-1987). A protagonista é uma instrumentista de renome (interpretada por Natália Lage), que sempre injetou conflito na existência tranquila da irmã, Hilary (papel de Arieta Corrêa). A rivalidade entre as duas se evidencia quando a famosa descobre sofrer de esclerose múltipla, doença que comprometerá seus movimentos e matará sua arte. Com Daniel Costa e Fabricio Licursi.
Morte Acidental de um Anarquista
Dan Stulbach interpreta um louco, inconformado em não poder ser várias pessoas ao mesmo tempo, que vai parar em uma delegacia, acusado de falsidade ideológica. Basta uma distração do comissário para ele convencer o delegado e o secretário de segurança de que é um respeitável juiz. Um crime vem à tona, e uma jornalista apura informações como o próprio lunático e, de novo disfarce, o personagem se mostra o mais apto para resolver o caso. Dirigida por Hugo Coelho, a comédia de Dario Fo traz ainda no elenco Henrique Stroeter, Riba Carlovich, Maíra Chasseraux, Marcelo Castro e Rodrigo Bella Dona.
Em pleno século XXI, o diretor Marcio Aurelio, conhecido por montagens densas, recupera um Molière inédito no Brasil que reflete a nossa realidade por trás de um bom divertimento. Escrito em 1666, O Misantropo surpreende pela capacidade de dialogar com uma sociedade intolerante e preocupada em como vai ser vista e comentada nas redes sociais. É noite de festa na cobertura da ricaça Celimene (interpretada por Paula Burlamaqui), logo vem por aí muita bajulação e gentilezas em troca de favores.
Sérgio Mamberti surge na pele do solitário judeu ortodoxo confrontado com um fato capaz de desestabilizar sua rigorosa rotina. Green conhece o jovem executivo Ross (papel de Ricardo Gelli) depois que os dois se envolvem em um pequeno acidente de trânsito. Considerado culpado, o rapaz deve prestar serviços à contrariada vítima. Em uma visita semanal, ele levará comida a esse idoso ranzinza, tentará engatar um papo com ele e testará sua tolerância. Direção de Cassio Scapin.
Estudo para Missa para Clarice – Um Espetáculo sobre o Homem e seu Deus
O ator e diretor Eduardo Wotzik recorre a essa relação quase fanática em torno da obra da autora de Perto do Coração Selvagem para criar o espetáculo. Transformado em uma igreja, o teatro recebe os fiéis para a celebração que transita pelo sagrado e pelo profano. Como um arauto das palavras de Clarice Lispector, Wotzik é secundado por duas beatas (representadas por Cristina Rudolph e Natally do Ó) e prega reflexões filosóficas e existenciais calcadas em fragmentos da escritora. Trechos de A Hora da Estrela e A Paixão Segundo GH embelezam o discurso.