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“As Mãos Sujas”, de Sartre: diferença entre a teoria e a prática do poder

O diretor José Fernando Peixoto de Azevedo apresenta uma encenação fluente, capaz de flertar com o pop e carregada de diferentes recursos de linguagem

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 14 fev 2020, 11h33 - Publicado em 13 fev 2020, 13h14

Escrito pelo francês Jean-Paul Sartre na corrente existencialista do pós-guerra, o drama As Mãos Sujas (1948) chega até 2020 em triste sintonia com a contemporaneidade brasileira. O espetáculo, dirigido por José Fernando Peixoto de Azevedo, transita entre o discurso teórico alimentado com relativa ingenuidade por uns e a prática supostamente necessária para exercer o poder defendida por outros, alguns de caráter mais duvidoso.

É no primeiro time que se enquadra Hugo (interpretado pelo vigoroso Vinicius Meloni). Intelectual burguês, ele se engaja no Partido Comunista em uma região dominada por inimigos fascistas. Em sua idealização, Hugo não se conforma com as atitudes tomadas por Hoederer (papel de Rodrigo Scarpelli, ótimo), o presidente do partido, que faz alianças com conservadores a fim de enfrentar os adversários.

+ O musical “Bertoleza” é centrado em personagem de “O Cortiço”.

A trama ganha um salto de tempo, e Hugo depara com as consequências de tais atitudes em um futuro não distante. Percebe também que outros personagens, como sua mulher, Jéssica (a atriz Gabriela Cerqueira), se deixaram seduzir pela proximidade do poder.

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O diretor José Fernando constrói uma encenação fluente, que flerta com o pop e vem carregada de diferentes recursos de linguagem, fundamentais para driblar as três horas de duração. O mais comum deles é o uso de uma câmera que filma os atores e transmite o ponto de vista de cada um ao público. Também existe a escolha de um caminho tragicômico, muito bem explorado por Meloni, que contribui para a composição do perfil por vezes inocente de Hugo.

Fica difícil, no entanto, não encontrar semelhanças com a trilogia Abnegação, criada pelo dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra entre 2014 e 2016 para mostrar a ascensão ao poder e derrocada do Partido dos Trabalhadores, inclusive pela presença tão marcante de Meloni no elenco dessas montagens. Com Georgina Castro, Paulo Balistrieri, Paulo Vinícius, Thomas Huszar, Ivan Garro e Yghor Boy (190min, com intervalo). 14 anos. Estreou em 1º/11/2019.

+ Centro Cultural São Paulo — Sala Jardel Filho. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso. Sexta a domingo, 20h. R$ 20,00. Até 1º de março.

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