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Meditação para crianças: escolas incorporam técnicas de mindfulness

A metodologia que visa aumentar o foco ganhou espaço nas grades escolares

Por Guilherme Queiroz, Camila Pusiol
Atualizado em 14 jun 2019, 11h27 - Publicado em 13 jun 2019, 14h03
Crianças na Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz (à esq.) e sala de aula na escola Maple Bear (Divulgação/ Victor Kobayashi/Veja SP)
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O conceito de meditação mindfulness ficou popular no universo de empresas moderninhas como maneira de aumentar o foco e a produtividade no ambiente de trabalho, além de trazer bem estar para os funcionários. A onda acabou saindo dos tapetinhos de ioga e das mesas de escritório e invadindo também escolas primárias, com objetivos parecidos do mundo empresarial: melhorar o rendimento dos alunos de uma maneira saudável.

Mas antes de conhecermos locais que adotam o método, é preciso entender no que consiste esse conceito importado dos Estados Unidos. “Prefiro não traduzir a palavra mindfulness, defino como: estar presente no momento em que você vive”, explica o professor Maurício Pietrocola, doutor da Faculdade de Educação da USP. Entre aulas de meditação, exercícios de respiração, atividades com objetos de diferentes texturas e dinâmicas em grupo, a ideia é “um princípio norteador que se aplica em vários contextos diferentes”, conta Pietrocola.

A inspiração veio do oriente, de religiões como o budismo. Acadêmicos norte-americanos como o professor Dr. Richard Davidson, fundador do Centro para Mentes Saudáveis, que fica no estado do Michigan, estudam os benefícios da ideia. “Uma pessoa que medita tem um nível de organização do cérebro completamente diferente”, complementa Pietrocola.

Instituições particulares paulistanas têm adotado elementos do mindfulness entre uma aula e outra nas apertadas grades curriculares. Apesar da maioria ter experiência recente com a metodologia, incorporada no máximo há três anos, os coordenadores relatam uma mudança significativa de postura nos alunos.

escola concept yoga crianças mindfulness
Prática de yoga na Escola Concept (Leandro Martins/Veja SP)
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Na rede de escolas bilíngues Maple Bear, por exemplo, que atende alunos desde a educação infantil até o final do ensino fundamental, as mensalidades custam a partir de 2 000 reais. A incorporação veio das experiências no país de origem da franquia, o Canadá. Com 25 unidades em São Paulo, há cerca de três anos os colégios oferecem aos professores cursos preparatórios. Os docentes passaram então a aplicar os exercícios em meio as aulas. “Elementos sonoros, respiração, meditação. Objetos para aliviar ansiedade, bolas de massagem, materiais com texturas diferentes. Isso passou a fazer parte do nosso cotidiano”, conta Cintia Sant´Ana, diretora acadêmica da Maple.

“O desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos é impactado pelo seu estado de atenção e nível de estresse”, comenta Cintia, sobre a importância de criar ambientes escolares mais tranquilos.

Outra instituição que passou a adotar o conceito foi a Escola Concept, também bilíngue, com mensalidades em torno de 6 000 reais e uma unidade na Avenida Nove de Julho. “Em um mundo digital as crianças têm dificuldade de concentração. São expostas a tantos estímulos que a rotina acaba se tornando pesada”, explica Priscila Torres, diretora acadêmica da instituição que atende crianças até o final do ensino fundamental. “Nossos profissionais são orientados a experimentar as sensações antes de passar aos estudantes. Promovemos treinamentos com as técnicas, como yoga, para os professores”, conta Priscila.

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“O nosso ponteiro interno de tempo fica apontado para o futuro. Vivemos o que queremos fazer amanhã, ou daqui 10 minutos”, comenta Pietrocola. “A escola não está fora desse contexto social. Imagine uma criança que tem estímulos de todo lado, a mente se rebela contra focar em um momento único”.

Sobre os benefícios do mindfulness entre os estudantes, ele lembra da experiência em uma escola no Brooklyn, EUA. “Nessa instituição os alunos eram de baixa renda, e tinham uma carga emocional muito alta. Eles aplicavam todo dia meditações por 5 minutos, traziam especialistas para falar sobre os benefícios dos exercícios”, explica. “Isso ajudou eles a encontrar um equilíbrio emocional, e se conectar melhor com os professores”.

Associação Beneficente do Grupo de Funcionários Allianz – mindfulness
Atividade “acalmar o coração” na Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz (Divulgação/Veja SP)
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Projetos envolvendo o conceito também aparecem em locais voltados para crianças de baixa renda. Na Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz (ABA), em Engenheiro Goulart, Zona Leste da cidade, aulas aplicam a metodologia gratuitamente para crianças que frequentam unidades de ensino da rede pública na região. “Incentivamos as crianças a observar o corpo, a forma e o tom que respondem e principalmente exercitar a empatia”, explica a diretora do local, Rose Oliveira. Os pequenos se matriculam na instituição, que oferece atividades durante toda a semana. “Temos os momentos de “prática da respiração consciente” e de “acalmar o coração” “, lembra ela.

Mais afastada da capital, a Sphere Internacional School, mais uma instituição bilíngue, tem valores mensais na casa dos 4 000 reais em São José dos Campos. A instituição passou a levar o mindfulness para as carteiras há um ano. “Em 2018 fizemos um projeto piloto com seis turmas. Esse ano com a escola toda”, explica Andrea Andrade, diretora da escola. “Estamos fazendo a formação com os mais de sessenta professores.”

 

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