O que tem sala secreta só para maiores no MIS
Cenas explícitas de sexo aguardam os visitantes mais ousados na megaexposição sobre HQs

Não tem negociação. A sala de tirinhas eróticas que integra a exposição panorâmica sobre Histórias em Quadrinhos no Museu da Imagem e Som (MIS) é proibida pra quem tem menos de 18 anos. Quem tem mais, entra e se surpreende com um banheiro adaptado, cheio de cenas picantes.
No início, uma breve explicação com tons históricos: “A arte erótica entrou de forma clandestina nos quadrinhos, por isso, é difícil, precisar sua origem. Os exemplos mais remotos são as célebres revistas conhecidas como Tijuana Bibles, Dirt Comics, Eight Papers, lançadas nos anos 20, nos Estados Unidos.”
Nas quatro cabines com vasos, uma mudança: os visitantes não podem entrar, mas espiar pelos vidros autores clássicos da área e suas criações. O italiano Milo Manara é o primeiro deles. No seu cubículo, vemos cenas picantes e exemplares da Click, uma de suas séries mais famosas.
Guido Crepax (1993-2003) é o segundo. Foi o criador de Valentina, fotógrafa que se divide entre profissão, casamento e fantasias sexuais. Detalhe: a personagem não nasceu como protagonista, era coadjuvante de uma série chamada Neutron. Deu tão certo que ganhou seu espaço.
A terceira cabine é ocupada por Paolo Eleuteri Serpieri que prefere formas mais angulosas e dá vida à Drunna. À despeito do cenário apocalíptico da trama, a heroína, que não tem super poderes, usufrui dos prazeres e descobertas do sexo.
No último espaço, temos outro cenário: oito olhos mágicos guardam histórias de autores brasileiros como Seabra e Mozart Souto. A sensação de espiar uma história proibida conquista os visitantes que se contorcem para ver as tirinhas.
Outro grande acerto do núcleo é a réplica de um genuflexório (móvel de nome feio, que é usado nas igrejas para os fieis ajoelharem). No caso do MIS, eles não podem ser usados, são somente um elo para os catecismos (nome popular para HQs eróticas no Brasil).
Nessa parte, Carlos Zéfiro, codinome do funcionário público Alcides Aguiar Caminha (1921-1992), reina. Referência do gênero, suas histórias fazem enrubescer até os mais ousados. Para que o público tenha essa experiência, alguns exemplares do carioca estão disponíveis lá.
O americano Robert Crumb e o brasilerio Angelini, com Rê Bordosa, não podem ser esquecidos e têm também suas histórias exibidas em murais. São como o toque final de um passeio para lá de picante.