“Para perguntas densas, a gente não tem resposta”, diz Maureen Bisilliat
A fotógrafa fala de amizade em uma entrevista que entrelaça o vídeo Palavras e Pensamentos Captados e o documentários Equivalências, ambos em cartaz no IMS
Em seu documentário Equivalências, lançado em fevereiro, você diz que, por ter mudado muito de país, a busca por raízes é uma constante na sua vida. Fazer amigos é parte dessa procura?
É uma pergunta difícil. Acho que o que está presente na minha vida é o diálogo. Essa é a minha maneira de atuar. Desde pequena, indo de um lugar para outro, você fica como um camaleão, em busca de se adaptar.
Você fez muitos amigos na vida?
Sou uma pessoa que não vai a muitas festas, mas que não se contenta consigo mesma. Há pessoas que acompanho e me acompanham desde o começo da minha carreira.
No vídeo Palavras e Pensamentos Captados (2020), há um mosaico com seus amigos. Um deles é o paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). Como você o conheceu?
Foi em um jantar, ele estava se despedindo das pessoas. Cantava uma ópera. Foi muita sorte ter conhecido pessoas especiais. Os livros de algumas delas me impulsionaram pelo Brasil.
Você é jornalista na Editora Abril, não é?
Sim, isso mesmo.
Trabalhei dez anos lá. Foram momentos extraordinários. Conheci o Brasil trabalhando lá. Nós íamos em duplas, ou com um jornalista ou um escritor. Era maravilhoso no sentido de longe.
O que é diálogo para você? É abrir sua intimidade para outra pessoa, entender outra perspectiva?
É um pouco de tudo isso. Há pessoas que são ótimas, mas não têm aquele link para a relação ir além do primeiro passo. Outras pessoas, por sua vez, têm tantas semelhanças que parece que as conhecemos de outras vidas. Com elas, procuramos respostas que não existem. Para as perguntas densas, a gente não tem resposta, mas é isso que nos leva além, que faz a vida ser interessante e cheia de energia. Você me deu uma ideia.
Sobre o quê?
Vou estender os depoimentos do vídeo . Eles têm cinco minutos. Lá, coloquei um minuto e meio. Vai ser bom vê-los separadamente. Vou fazer isso assim que passar a exposição. Não sei existir sem fazer. O filme demorou oito anos e me deu um amigo, o Felipe Lafé, o editor. Ele trabalhou comigo a quatro mãos, ajudou esse filme a acontecer.