Zero – Exposição
Resenha por Laura Ming
Eles fizeram algo surpreendente para a época e o lugar: o fim da década de 50, na Alemanha. Interessados em inovações tecnológicas e dispostos a deixar para trás os anos melancólicos do pós-guerra, alguns artistas se dedicaram tanto a explorar o movimento e a luz que chegaram a incorporar motores, lâmpadas e outros objetos luminosos a suas obras. As reuniões e exibições organizadas no ateliê de Otto Piene e Heinz Mack, em Düsseldorf, deram origem ao grupo Zero, o pioneiro no uso desses recursos, além de materiais comuns, a exemplo de papel e plástico, e o próprio corpo como meio de expressão artística. Para essa mostra, a curadora Heike von den Valentyn trouxe 57 peças de autores que participaram dos encontros ou se identificaram com eles. Logo na primeira sala, a instalação Geschichte des Feuers (História de Incêndio), de Piene, consegue um efeito encantador ao projetar luz através de papelão furado em uma base giratória. Ali também há telas de Yves Klein e um Bicho incrivelmente dourado de Lygia Clark. A instalação Spiegelwand und Mobile (Parede Espelhada e Móbile), de Christian Megert, traz pedaços de espelho pendurados capazes de criar inúmeros fragmentos de realidade — e infinitas possibilidades de selfies, já que a obra está liberada para fotografias. A exposição ainda apresenta uma vertiginosa sala escura cheia de fios iluminados com luz negra, onde se perde a noção de profundidade, e quadros de Jesús Rafael Soto. De 4/4/2014 a 15/6/2014.