Tróilo e Créssida – Jô Soares

- Direção: Jô Soares
- Duração: 110 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.



Não por acaso Tróilo e Créssida é um dos títulos menos montados da obra de William Shakespeare. Trata-se de uma história confusa, com excesso de personagens e tramas paralelas, que fica no caminho indefinido entre o cômico e o trágico. Como diretor, Jô Soares abraçou a difícil tarefa de levá-la ao palco, escalou um bom time e criou uma definição, a comédia sinistra. Pouco aliviou a barra. Na trama, o príncipe troiano Tróilo (vivido por Ricardo Gelli) é impedido de amar Créssida (papel de Maria Fernanda Cândido). O pai dela traiu os conterrâneos e pulou para o lado dos gregos na Guerra de Troia. Longe de ser santa, a moça abre mão do seu querido em nome de outros interesses. Escolado na comunicação com a plateia, Jô realizou, ao lado de Maurício Guilherme, uma adaptação bem popular, com piadas simples, que conversa com os espectadores menos exigentes. Entre os dezoito atores, paira a irregularidade. Poucos têm chance de sobressair e alguns passam quase despercebidos, caso dos consagrados Luiz Damasceno e Marco Antônio Pâmio. Ótimo no registro cômico, Ataíde Arcoverde rouba a cena, seguido por Guilherme Sant’Anna, capaz de vencer a caricatura. Ricardo Gelli, Otávio Martins e Paulo Marcos também marcam presença e sobra decepção em torno de Maria Fernanda, que não sublinha a dissimulação e o caráter dúbio de Créssida. Estreou em 15/10/2016. Até 19/2/2017.