Teatro para Quem Não Gosta

VejaSP:
  • Direção: Kleber Montanheiro
  • Duração: 90 minutos
  • Recomendação: 14 anos

Resenha por Dirceu Alves Jr

Teatro para Quem Não Gosta, comédia escrita e protagonizada por Marcelo Medici e Ricardo Rathsam, pode ser vista pelos desavisados como um deboche. O povo embarcou na fissura digital, potenciais espectadores se desviaram da rota e muitas salas ficaram vazias. A questão inicial da peça é simples: o teatro morreu? Seja na forma de um obituário, seja como a derradeira chance de convencer a plateia do contrário, a dupla explica por que, para ela, o teatro ainda sobrevive. Trata-se de uma defesa do próprio ofício e, como dois desesperados, eles constroem um panorama dos primórdios gregos aos atuais e criticáveis stand- up comedies e youtubers. Logo, a tese do deboche se esvai e oscila entre a celebração e a melancolia. As primeiras cenas condensam com admirável poder de síntese os clássicos Édipo Rei, de Sófocles, e Romeu e Julieta, de Shakespeare, levados com libertárias adaptações. Medici e Rathsam arrancam gargalhadas, por exemplo, ao converter os jovens amantes de Verona em garotas gays e provocam o politicamente correto que regula a criatividade dos artistas. No fragmento de O Doente Imaginário, de Molière, testam a cara de pau de duas  pessoas da plateia que abraçam a brincadeira de ser ator por alguns minutos. O tempo evolui até as raízes do teatro brasileiro em referências aos jesuítas, ao dramaturgo Nelson Rodrigues e a textos censurados pelo regime militar. Nomes tão diferentes, como a atriz Cacilda Becker e o diretor Gerald Thomas, recebem homenagens para cravar a diversidade de um teatro que também abre espaço aos musicais. Medici faz vinte personagens, entre eles os de A Dama das Camélias e A Pequena Sereia, enquanto Rathsam passeia por doze. São intérpretes versáteis, que, por vezes, pecam por uma falta de ritmo inevitável na abrangente proposta. Muitos espectadores, certamente, nem sequer ouviram falar da maioria daqueles textos e autores, e agora salta o feito de Medici e Rathsam. O público deixa a Faap sem perceber que teve uma aula leve e divertida, capaz de explicar os encantos de uma arte que sobrevive há mais de 2 000 anos. E, daqui para a frente, se for para falar mal, os detratores pelo menos ganham suporte para justificar o tédio em relação ao teatro. Supervisão de direção de Kleber Montanheiro (90min). 14 anos. Estreou em 23/8/2018. Até 15/11/2018.

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