Selvageria – Felipe Hirsch
- Direção: Felipe Hirsch
- Duração: 180 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Centenas de sacos de lixo se acumulam no cenário criado por Daniela Thomas e Felipe Tassara. É de lá que brotam os personagens de Selvageria, espetáculo de Felipe Hirsch que investiga as raízes brasileiras. Se os três trabalhos anteriores do diretor, Puzzle (2014), A Tragédia Latino-Americana e A Comédia Latino-Americana, ambos de 2016, partiam de obras literárias, o atual se baseia em documentos históricos e livros pesquisados na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. São doze cenas, representadas por oito atores, que ajudam a entender como os estrangeiros enxergam o Brasil e as consequências dessa visão na nossa formação. Tudo começa na leitura da carta de Pero Vaz de Caminha. Na sequência, o ator Danilo Grangheia representa um índio perdido entre sua identidade e o que se espera dele. Há um excesso narrativo agravado pela duração de quase quatro horas, que desafia o espectador a cada minuto. Fiel aos documentos, Hirsch concentrou o foco no farto material, pesando o discurso e investindo pouco na encenação. O público respira aliviado ao deparar com o grande trabalho de alguns atores. Um exemplo é Georgette Fadel. Ela oferece imagens potentes em sua interpretação do livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e mostra que a fidelidade excessiva às palavras diminui o alcance da mensagem. Com Blackyva, Bruno Capão, Caco Ciocler, Crista Alfaiate, Isabel Zuáa, Magali Biff e a banda Ultralíricos (220min, com intervalo). 16 anos. Estreou em 3/11/2017. Até 17/12/2017.