Sabiá
- Direção: Paulo Faria
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Entre o fim de março e o começo de abril, as cinco décadas do golpe de 1964 foram pouco lembradas no teatro. Com exceção de apresentações especiais, quase nada foi produzido para promover uma reflexão histórica com o público. Em uma encenação simples e bonita, o drama Sabiá, escrito e dirigido por Paulo Faria, da Cia. Pessoal do Faroeste, já garante o interesse. Atinge maior contemporaneidade, no entanto, ao estabelecer uma ponte entre a ditadura militar e casos de corrupção vigentes nos dias atuais. A canção homônima de Chico Buarque e Tom Jobim serve apenas de leve inspiração. Na trama, Helena e Joana (interpretadas por Eliana Guttman e Jerusa Franco) são duas amigas que se reencontram depois de um longo período. Durante a conversa, vem à tona um segredo sobre o desaparecimento de Ricardo (o ator Gustavo Haddad), irmão de uma e namorado da outra, nos anos 70. A cronologia muitas vezes se embaralha, e a direção faz valer esse recurso para mostrar que as antigas feridas não cicatrizaram. Dos intérpretes, Eliana é quem melhor aproveita as emoções para representar o passado e o presente na bem construída dramaturgia. Estreou em 10/5/2014. Até 30/11/2014.