Contrato Vitalício
- Direção: Ian SBF
- Duração: 106 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Brasil
- Ano: 2016
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Fábio Porchat, João Vicente de Castro, Ian SBF, Antonio Tabet e Gregório Duvivier podem não ter criado a pólvora. Mas inventaram um tipo de programa de humor, consagrado na internet como Porta dos Fundos, com vídeos curtinhos que, em geral, chegam a 2 milhões de visualizações. O sucesso foi, é claro, parar no cinema, e Contrato Vitalício, assim como os esquetes da rede, mostra-se irregular. Entre momentos divertidíssimos, há personagens dispensáveis e situações repetitivas. Sair da zona de conforto, ou seja, fazer um longa-metragem sem precisar recorrer ao formato original, é uma virtude. O roteiro, contudo, tem altos e baixos. Traz Duvivier na pele do cineasta Miguel e Porchat interpretando o ator Rodrigo. No Festival de Cannes, o diretor ganha um prêmio, os amigos saem para comemorar e, no dia seguinte, Miguel desaparece do mapa. Só será reencontrado dez anos depois, quando Rodrigo, agora um astro famoso, volta ao mesmo quarto do hotel em Cannes. Na ácida crítica à indústria da fama instantânea e do entretenimento, sobram deliciosas farpas politicamente incorretas para todos os lados. Há quilos de citações, de programas, revistas e celebridades como Anitta, Angélica e Caetano Veloso. Embora Duvivier e Porchat, ambos um pouco acima do tom, sejam os protagonistas, Luis Lobianco (o empresário), Marcos Veras (um repórter “delicado”) e Thati Lopes (a vlogueira fitness) roubam a cena. Tabet e João Vicente receberam papéis sem graça. Se a direção de Ian SBF peca pelo excesso de agitação e gritaria, a trama muitas vezes anda em círculos (como na sátira corrosiva à preparadora de elenco Fátima Toledo) e apela, infantilmente, para a escatologia. É fato: um roteiro lapidado e enxuto deixaria o filme do Porta mais refinado. Estreou em 30/6/2016.