O Monstro
- Direção: Hugo Coelho
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Sonho de vaidade ou autoafirmação de muitos artistas, o monólogo é um gênero traiçoeiro. A precisão técnica emprestada pelo ator Genézio de Barros ao espetáculo O Monstro, adaptação do conto homônimo de Sérgio Sant’Anna, revela-se a essência da montagem, dirigida por Hugo Coelho. Na trama, o filósofo Antenor Lott Marçal é um intelectual de classe média, com hábitos comuns. Em uma tarde de sábado, ele visita a namorada, a executiva Marieta, e, por lá, conhece Frederica, uma garota que, de imediato, exerce um fascínio no casal. O jogo de sedução, estimulado por Marieta, se estabelece. O excesso de álcool, o apoio de outras drogas e muita excitação conduzem Antenor e Marieta a uma situação extrema, agora detalhadamente narrada pelo protagonista à plateia. O espectador, preso na poltrona, fica perplexo com os rumos da narrativa. Genézio de Barros, com seu porte físico comum e fala serena, realiza a façanha de tornar o interlocutor um cúmplice e jamais um juiz. É nesse cuidado que reside a forma de sua interpretação, muito mais firme e calculada que as ações dos personagens. O experiente ator elimina arroubos e foge da autopiedade. Reproduz um sujeito sensato que perdeu o juízo e, disposto a responder por suas atitudes, se mostra até ingênuo no ato confessional (70min). 16 anos. Estreou em 5/6/2018. Até 1º/8/2018.