O Corpo da Mulher como Campo de Batalha
- Direção: Malú Bazán
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A obra do escritor e dramaturgo romeno Matéi Visniec tem servido de inspiração para encenações brasileiras. Adeus, Palhaços Mortos!, A Máquina Tchekhov e A Volta para Casa são apenas três exemplos das recentes temporadas. De apelo realista, o drama O Corpo da Mulher como Campo de Batalha, dirigido por Malú Bazán, renova esse interesse e pode ser apontado como um dos destaques do ano na cidade. A pertinência do texto, lançado em 1997, rendeu uma montagem carioca no ano passado, comandada por Luis Fernando Philbert, com as atrizes Ester Jablonski e Fernanda Nobre. Na versão paulistana, Patricia Pichamone e Camila Turim dominam o palco em um embate de interpretação propício para diferentes nuances. Kate (Patricia) é uma médica americana, mãe de dois filhos, escalada para atender feridos da Guerra da Bósnia em um hospital da Otan, em 1994. A refugiada Dorra (Camila), vítima de um dos tantos casos de estupro registrados no conflito, está entre eles. Grávida, ela decide abortar e inicia uma instável relação com Kate. O espetáculo privilegia a dramaturgia e centra o foco nas intérpretes. No palco, tomado por areia, a equilibrada dupla perturba o público ao valorizar cada fala. O peso dramático das situações apresentadas é tenuemente aliviado em um revigorante final. Matéi Visniec é capaz de extrair esperança de uma história tão violenta e, assim, crava seu nome entre os grandes autores contemporâneos. Estreou em 12/6/2017.