O Beijo no Asfalto

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Murilo Benício quis fugir do convencional e se distanciar das versões para o cinema (de 1964 e 1981) de O Beijo no Asfalto. Poderia soar maneirista e pedante a adaptação que o ator fez da peça homônima de Nelson Rodrigues. Mas, conciso e muito criativo na realização, Benício estreia como diretor com um trabalho singular. Ele mistura cenas da leitura do texto com todo o elenco, reflexões dos atores (incluindo ótimas lembranças de Fernanda Montenegro), os bastidores e a peça em si, que está lá, intacta e interpretada com empenho absoluto do elenco. Na história, Arandir (Lázaro Ramos) beija a boca de um moribundo a pedido dele. O caso, ocorrido no centro do Rio de Janeiro, ganha uma repercussão nos jornais por meio de uma colaboração entre um repórter sensacionalista (Otávio Müller) e um delegado corrupto (Augusto Madeira). Em casa, Selminha (Débora Falabella) passa até a duvidar da sexualidade do marido após insinuações maldosas de seu pai (Stênio Garcia). Direção: Murilo Benício (Brasil, 2017, 98min). 14 anos. Estreou em 6/12/2018.

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