Navalha na Carne

- Direção: Gustavo Wabner
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.


A homenagem é justíssima, principalmente em um país desmemoriado. Em 1967, a atriz Tônia Carrero (1922-2018) desafiou os militares e a própria imagem na pele de uma prostituta vulgar e desprezada. Provou ser grande o suficiente ao sobrepor o talento ainda discutido à sua beleza e sofisticação. O drama Navalha na Carne, de Plínio Marcos, desde então, tornou-se fonte inesgotável de inspiração por retratar seres marginalizados, marcados por conflitos que insistem em se manter atuais. Desta vez, Luísa Thiré, neta de Tônia, assume o papel emblemático de sua avó. Cansada de guerra, Neusa Sueli atrai raros clientes nas andanças pela madrugada. O pequeno faturamento irrita o cafetão Vado (o ator Alex Nader) e sobra para Veludo (papel de Ranieiri Gonzalez), o faxineiro da pensão, a culpa pelo sumiço de um dinheiro deixado por ela para o amante. Os personagens, no limite da desumanização, apresentam pouco frescor nesta releitura, por mais que o elenco se esforce para fugir dos estereótipos. A direção, de Gustavo Wabner, respeita em excesso o original de Plínio, e a encenação, apesar de bem cuidada, permanece como mais uma entre tantas reedições da peça. A valorização vem do caráter emotivo de ver Luísa em um sincero tributo à avó, que morreu em março (75min). 16 anos. Estreou em 23/8/2018. Até o dia 30.