Miguel Rio Branco
Resenha por Laura Ming




O que não se enquadra, que está à margem, excluído, parece guiar o interesse artístico do fotógrafo Miguel Rio Branco. Teoria da Cor apresenta quarenta trabalhos feitos em mais de cinco décadas de carreira. Logo na entrada, o submundo do interior brasileiro aparece em preto e branco. Penduradas em suportes de papelão, fotos retratam prostitutas, garimpeiros e carcaças de abatedouros de uma violência que mistura sangue e indiferença. Mesmo quando ampliadas e coloridas, as imagens focam cicatrizes ou roupas velhas das mulheres clicadas. A instalação Entre os Olhos, o Deserto aborda esse tema na divisa entre Estados Unidos e México ao projetar rostos, paisagens isoladas e objetos abandonados na fronteira. Em outro espaço, fotografias de tubarões impressas em lenços suspensos reproduzem as ondulações do mar. Aqui as cores vibrantes marcam a obra, que faz parte do acervo do Instituto Inhotim, de Minas Gerais, onde Rio Branco tem um pavilhão dedicado à sua produção. De atmosfera completamente diferente, uma sala decorada com espelhos antigos e mal iluminada por lâmpadas incandescentes que quase não deixam visíveis os recortes de jornal expostos traz música ambiente típica do cinema mudo. O que une toda a seleção, exibida em um andar da Estação Pinacoteca, é a potência das peças. A bela ambientação colabora para garantir a imersão no mundo sujo que o artista se propõe a explorar. Até 19/7/2014.