Memórias (Não) Inventadas
- Direção: André Garolli
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Criador de emblemáticas personagens, o dramaturgo americano Tennessee Williams é pai de Blanche (Um Bonde Chamado Desejo), Maggie (Gata em Telhado de Zinco Quente) e também da protagonista de Lembranças de Bertha (1946). O diretor André Garolli transformou essa última peça em Memórias (Não) Inventadas e conservou intacta a recorrente proposta do autor em relação as suas mulheres fictícias: o estreito limite entre a lucidez e a alucinação para ludibriar a realidade. No caso da prostituta Bertha (interpretada por Fernanda Viacava), adoentada em um quarto de bordel, pouco lhe resta além de esperar pela morte anunciada. Ela não atende mais os clientes e se vê pressionada por Goldie (papel de Eucir de Souza), o cafetão, a liberar a cama para colegas em forma. Em sua agonia, Bertha tem a companhia de uma boneca (representada por Camila dos Anjos), que ganha vida em seus delírios, e dos homens do seu passado, como o pai e Charlie, o grande amor (defendidos por Souza). Com sua mão sensível, Garolli cria uma atmosfera lúdica que faz o espectador embarcar nos devaneios de Bertha sem questionamento prévio. O trio de atores, especialmente Fernanda, é importante para isso. A composição naturalista da atriz dialoga com os demais tipos, marcados pela ausência de realismo. Estreou em 29/2/2016.