Marighella

- Direção: Isa Grinspum Ferraz
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 10 anos
- País: Brasil
- Ano: 2011
Resenha por Miguel Barbieri Jr.



É quase improvável esperar imparcialidade em um documentário sobre uma personalidade idealizada pela sobrinha dela. Dirigida e narrada por Isa Grispum Ferraz, a fita traz à tona a vida do militante comunista e guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), que virou o inimigo público número 1 do regime militar na década de 60. A diretora, claro, toca no assunto, mas prefere dar ao tio uma imagem mais de herói e menos de terrorista. Enfoques à parte, enquanto registro não há preguiça (mal que acomete muitos documentários nacionais) por parte da realizadora. Em extensa pesquisa, o filme, narrado de forma acadêmica e cronológica, traz fotos e imagens inéditas para resgatar a trajetória do mulato Marighella, filho de um italiano com uma negra baiana. Ele viveu muitos anos na clandestinidade, sobretudo durante a era Vargas, na década de 30. Diversos ex-militantes do PCB, a exemplo do escritor Antonio Candido, dão entrevista. Há também um extenso depoimento da viúva, Clara Charf. Entre os achados estão fotos de Marighella baleado dentro de um cinema, em 1964, e gravações dele feitas em Cuba. Como recheio, trechos de longas-metragens emblemáticos: "Assalto ao Trem Pagador" (1962), "O Caso dos Irmãos Naves" (1967) e "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964). Estreou em 10/08/2012.