Maricenne Costa
- Recomendação: 18 anos

Resenha por Pedro Ivo Dubra:
Quando criança, Maricenne Costa ajudava a mãe a virar as
páginas das partituras do piano — o repertório ia de Bach a
chorinho. Foi sob essa influência que a cantora de 71 anos, nascida
em Cruzeiro (SP) e moradora da capital desde 1958, se tornou
uma eclética convicta. Identificada com a bossa nova, Maricenne
gravaria na década de 90, por exemplo, Garotos do Subúrbio, do
grupo punk Inocentes. Recentemente, lançou o CD Bossa.SP, no
qual canta compositores do estado ou cuja carreira se desenvolveu
aqui. Entre os temas, há Ilusão à Toa, de Johnny Alf, e Tristeza
de Amar, de Luiz Roberto Oliveira e Geraldo Vandré. A capa do
álbum, impressa nas cores da bandeira paulista (vermelho, branco
e negro), também lembra, com seus grafismos, os LPs da mítica
gravadora Elenco. “O mérito da bossa nova é carioca, mas quis
ressaltar a participação de São Paulo no gênero, reunindo músicas
que andam espalhadas por aí”, diz ela. Por falar em bossa, a cantora tem um admirador muito ilustre.
João Gilberto costumava vê-la apresentar-se na boate do Hotel
Comodoro no começo da década de 60. Em 2008, Maricenne foi
uma das pessoas convidadas pelo genial e genioso João, através da
imprensa, para assistir a seu show no Auditório Ibirapuera. “Como
ele vai do palco direto para o carro, não o encontrei na saída”,
afirma. “Mas deixei um bilhetinho no hotel.” Maricenne ainda está
ligada à história de outro figurão — foi a primeira a gravar uma
canção de Chico Buarque, a Marcha para um Dia de Sol, em 1964.
No palco do Tom Jazz, a intérprete de educada voz tem a companhia
dos violonistas Rafael Amaral e Marcus Teixeira, além de receber os
convidados Alaíde Costa, Dino Galvão Bueno e Moisés Santana. Acontece dia 29/07/2010.