Mantenha Fora do Alcance do Bebê

- Direção: Eric Lenate
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.






Em um mundo dominado por robôs programados para ações óbvias e lobos incansáveis em busca da caça, o drama surrealista Mantenha Fora do Alcance do Bebê pode ser definido como um fragmento do nossa sociedade. Escrito por Silvia Gomez, o texto ganha sintonizada encenação de Eric Lenate. Uma mulher (interpretada por Débora) conversa com a assistente social (vivida por Anapaula Csernik) em uma das etapas do processo de adoção de uma criança. Fria como uma máquina, a protagonista lista suas qualidades, deveres e delírios na intenção de convencer a funcionária. Quando o absurdo toma conta da situações e ambas perdem o controle, a chegada do marido (papel de Jorge Emil) é uma tentativa de aparar os excessos do diálogo — não à toa, ele carrega uma tesoura nas mãos. Na ronda, um lobo (representado por Diego Dac) observa o trio. Débora inverte os caminhos em busca de uma falta de expressividade que desenha o perfil robótico da personagem. Os movimentos sincronizados e a fala pausada contribuem para isso. Na figura da inquisidora, Anapaula contrasta de imediato e percebe a incapacidade da candidata. A peça demora um pouco para lançar a ideia de humanização da protagonista e mostrar a razão real de seu desequilíbrio, mas, ao mesmo tempo, é justamente isso que incomoda e encontra reflexo na plateia. Estreou em 13/6/2015. Até 15/9/2016.