Harun Farocki

Resenha por Julia Flamingo


Em cartaz no Paço das Artes, Programando o Visível conta com seis vídeos do cineasta alemão Harun Farocki (1944-2014). Trata-se da última mostra da instituição antes da mudança de local. Ela foi despejada para que o prédio comece a abrigar a fábrica de vacina contra a dengue do Instituto Butantan. Em clima de despedida, o museu faz um evento de encerramento das suas atividades no prédio da Cidade Universitária, no sábado (19). A partir das 15h, a escadaria do local será tomada pelas esculturas de gelo de Néle Azevedo. Não se atrase, porque a duração das obras é breve. O bloco afro Ilú Obá De Min espanta a melancolia de quem estiver por lá.
Vale passar por lá para se despedir, ao menos provisoriamente, e conferir as quatro videoinstalações da série Paralelo I-IV. Ali, o artista toma jogos de computador como ponto de partida para refletir sobre a natureza das imagens no século XXI. São exibidos desde games produzidos nos anos 80 — quando a computação gráfica utilizava desenhos sem profundidade — até aqueles mais atuais, em que o espaço virtual se assemelha ao universo real. O visitante é posto no papel de protagonista da brincadeira para pensar sobre a mudança da percepção de mundo do homem contemporâneo com o desenvolvimento das realidades virtuais. Ele assiste aos personagens enfrentando obstáculos como barreiras invisíveis, erros de programação e falhas de continuidade, problematizados por narrações tocadas em fones de ouvido.