Hanami – Cerejeiras em Flor
- Direção: Doris Dörrie
- Duração: 127 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Alemanha/ França
- Ano: 2008
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Há filmes marcantes e outros que passam. A maioria deles é feita para entreter, mas alguns são especiais, responsáveis por tocar, além dos olhos, a alma e o coração. Caso, por exemplo, do drama Hanami — Cerejeiras em Flor, um dos melhores títulos de uma safra de fitas escoradas em ação, violência e efeitos especiais. Eis um belo e comovente presente de Natal. A trama começa de forma bastante dramática. Trudi (a magnífica Hannelore Elsner) recebe uma estarrecedora notícia: seu marido, Rudi (Elmar Wepper), tem pouco tempo de vida. Aconselhada pelos médicos, ela o convence a sair da Bavária, onde moram num vilarejo, e espairecer numa visita aos filhos em Berlim. Omite dele o trágico destino. O sessentão Rudi, sistemático e de poucas palavras, ainda dá conta de seu emprego burocrático e não abre mão do cotidiano pacato, simples, regrado. Na capital alemã, o reencontro com Karolin, lésbica, e Klaus, casado e pai de duas crianças, será marcado por passagens embaraçosas, desconfortantes e de uma vivacidade ímpar. Não convém ir além na história — aos quarenta minutos, ela dá uma guinada impactante e surpreendente. Pode-se dizer, contudo, que Rudi, numa temporada em Tóquio para morar com o caçula Karl (Maximilian Brückner), redescobrirá o prazer das pequenas coisas ao lado de uma jovem dançarina de butô (papel de Aya Irizuki). A diretora obteve certo sucesso por aqui nos anos 80 devido à comédia Homens. Aos 54 anos, mostra maturidade para falar, sem meias palavras, de velhice, solidão e morte. Embora o tema pareça deprimente, seu tratamento ganha certa leveza, seja em passagens bem-humoradas, seja na despretensão que só os realizadores experientes adquirem. Estreou em 25/12/2009.