Garrincha

- Direção: Robert Wilson
- Duração: 120 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.



As frequentes temporadas paulistanas do encenador americano Robert Wilson, o Bob, despertam natural curiosidade. Foram sete espetáculos por aqui desde 2009, mas o da vez é o primeiro com produção e temática brasileiras Como se não bastasse, enfoca trajetória de um ídolo. Pelo olhar estrangeiro de Bob Wilson, Garrincha é pura beleza e poesia, mesmo ao enfocar tristezas e fracassos pessoais e futebolísticos. Não faltam aves tropicais como código de ironia e alusões ao clichê do país que supera os perrengues ao projetar um futuro melhor. A trajetória de Mané Garrincha (1933-1983) passa longe de uma narrativa convencional. Logo, embarque na viagem visual ou você se decepcionará por não encontrar uma história mastigada. A bela encenação, em formato de musical, reúne dezesseis atores em movimentos habilmente coreografados e diante de uma luz capaz de transformar cenas teatrais em instalações de artes plásticas. Raras são as falas, e as canções vão de Nervos de Aço, de Lupicínio Rodrigues, e É Com Esse que Eu Vou, de Pedro Caetano, a criações coletivas originais. No papel-título, o ator Jhe Oliveira surpreende pela espontaneidade com que desfila em cena em meio às rígidas marcações. Apoiado pela iluminação, ele se transmuta nas diversas fases do personagem e surge quase sempre com uma garrafa na mão. Mesmo em elenco tão numeroso e até excessivo, alguns outros também se destacam como Naruna Costa, que representa a cantora Elza Soares, e Luiz Damasceno, cuja forte presença disfarça sua inaptidão para o canto. Com Bete Coelho, Carol Bezerra, Claudinei Brandão, Daniel Infantini, Ligia Cortez, Roberta Estrela D’Alva, Robson Catalunha e outros. Dramaturgia de Darryl Pinckney. Estreou em 23/4/2016. Até 29/5/2016.