Francis Alÿs – Fabíola
Resenha por Livia Deodato
A imagem de uma mulher de perfil, com um manto vermelho sobre a cabeça, é de uma “santa” que não possui altar, capela nem sequer faz parte de uma instituição religiosa. Ela intrigou o artista belga Francis Alÿs. A história de Fabíola foi contada pela primeira vez pelo cardeal Nicholas Wiseman no romance Fabíola ou A Igreja das Catacumbas, de 1854. Antes disso, quase ninguém sabia da existência dessa romana. No século IV, ela se casou duas vezes e, após a morte de seu segundo marido, decidiu se dedicar à filantropia. Mas foi a partir da figura imaginada pelo francês JeanJacques Henner (1829-1905), autor da primeira pintura da mulher, exposta no Salão de Paris de 1885, que ela se tornou conhecida e passou a ser reproduzida em todo o mundo. O sem fim de imagens encontradas em mercados populares, antiquários e coleções particulares na Europa e nas Américas levou Alÿs a reuni-las em uma única mostra. São 400 retratos de Santa Fabíola, de diversos tamanhos e materiais, feitos tanto por profissionais quanto por amadores. Há trabalhos realizados com bordado, esmalte, sementes e feijões. Na maioria deles, a santa está com o perfil virado para a esquerda de quem observa, mas é interessante notar alguns poucos modelos que preferiram o lado direito. A exposição, organizada pela Dia Art Foundation, de Nova York, já foi vista na Inglaterra, Espanha, Suíça e Peru, e ocupa uma sala na Pinacoteca — por isso, ganha um impacto ainda maior. Uma prova de que o fenômeno da multiplicação também pode virar arte. De 5/4/2013 a 7/7/2013.