Era Uma Vez em Nova York
- Direção: James Gray
- Duração: 120 minutos
- País: EUA
- Ano: 2013
Resenha por Tiago Faria
No cinema atual, o diretor James Gray, de Amantes (2008), pode parecer um outsider. Sem paciência para filmes-pipoca e avesso às modernices das produções independentes, tornou-se expert em dramas saborosamente "antiquados". Em seu quinto longa, ele se supera e refina um estilo capaz de lembrar a grandiosidade elegante dos épicos dos anos 70 de cineastas como Francis Ford Coppola e Roman Polanski. Ambicioso como nunca, mas sem abandonar o gosto por situações intimistas, Gray analisa aqui um viés perverso do sonho americano: o martírio de imigrantes largados à margem da sociedade. Em 1921, a polonesa Ewa (interpretada por uma extraordinária Marion Cotillard) sofre um trauma tão logo chega a Ellis Island, porta de entrada para estrangeiros nos Estados Unidos. Separada da irmã tuberculosa, ela será deportada por, de acordo com as autoridades, ter praticado atos obscenos no navio em que embarcou. Aparentemente cortês, Bruno Weiss (Joaquin Phoenix) a livra da humilhação e oferece abrigo, com uma condição: ela deve se prostituir, tal como as outras mulheres que vivem com ele. Sem opção, Ewa aceita, e entre os dois nasce uma relação marcada por dependência, crueldade e, no ponto de vista dele, um amor doentio. Isso até a entrada em cena do primo de Bruno, o showman Orlando, o Mágico (Jeremy Renner). Quando ele a conhece num de seus espetáculos de ilusionismo, apaixona-se profundamente. Os ares de tragédia, por consequência, tomam conta da narrativa. Estreou em 11/9/2014.