Entre Segredos e Mentiras
- Direção: Andrew Jarecki
- Duração: 101 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: EUA
- Ano: 2010
Resenha por Miguel Barbieri Jr





É gratificante quando um documentarista ultrapassa as
barreiras para fazer um filme de ficção. Andrew Jarecki,
diretor de “Na Captura dos Friedmans” — um dos melhores
documentários da década, sobre o caso de um professor judeu
acusado de pedofilia por seus alunos —, acaba de entrar para
esse vitorioso time. O drama “Entre Segredos e Mentiras”, sua
primeira empreitada longe do cinema-verdade, foi inspirado
em fatos reais e traz uma história intrigante, além de dois
ótimos atores.
A trama cobre cerca de quarenta anos da vida de David Marks
(Ryan Gosling, de “Namorados para Sempre”). Em 1971, o jovem
playboy conhece e a meiga Katie (Kirsten Dunst, do recente
“Melancolia”) e se apaixona por ela de imediato. A família dele
não aprova a união. Seu pai (papel de Frank Langella), ricaço
do ramo imobiliário de Nova York, pretendia ter para sempre
o filho ao seu lado nos negócios e uma nora mais adequada ao
estilo de vida grã-fino. David dá de ombros e vai morar com a amada num sítio, onde abre uma loja de produtos naturais.
O comércio não prospera e eles voltam para Manhattan. David
reassume o trabalho com o pai e, dia após dia, a relação do
casal vai ficando insustentável. Para desgosto dele, a moça
quer liberdade e entra na faculdade de medicina. David surta,
a espanca e, em 1982, Katie desaparece misteriosamente.
Uma das grandes virtudes da fita: distanciar-se do gênero
policial e focar, sobretudo, os desgastes dramáticos do
casamento. Jarecki havia feito algo similar em “Friedmans”,
no qual importava mais o tormento familiar após o caso do que
o crime em si. Com a narrativa absorvente de antes, o cineasta
consegue de novo fisgar a plateia, embora, aqui, o desfecho
aponte para um caminho obscuro. Estreou em 21/10/2011.