Dois Irmãos
- Direção: Daniel Burman
- Duração: 105 minutos
- Recomendação: 12 anos
- País: Argentina
- Ano: 2010
Resenha por Miguel Barbieri Jr



Não é à toa que os filmes argentinos fazem sucesso no Brasil. Embora também trabalhando com orçamentos apertados, os cineastas de lá conseguem, muitas vezes, casar razão e emoção em fitas calorosas como “O Filho da Noiva” e “O Segredo dos Seus Olhos”. Grande representante do país, o diretor Daniel Burman apresenta algumas proezas na comédia dramática “Dois Irmãos”, seu sétimo longa-metragem. Quase sempre associado a dramas densos, a exemplo de “O Abraço Partido” (2004) e “As Leis de Família” (2006), ele salpica de humor uma história que tinha ingredientes para se tornar amarga e pesada. Veículo para dois formidáveis atores, o roteiro enfoca a conturbada relação entre os irmãos Marcos (Antonio Gasalla) e Suzana (Graciela Borges). Ambos vivem em Buenos Aires e são solteirões em dificuldades. Marcos, artesão de joias, mostra-se mais afável no trato com as pessoas e perde o rumo após a morte da mãe. Suzana é um furacão em forma de perua. Metida a corretora imobiliária, essa elétrica cinquentona usa truques baratos para sobreviver. Numa das cenas mais divertidas, a dupla encontra um jeitinho de entrar numa festa da embaixada brasileira e sai de lá embolsando frutas e canapés. Há, claro, alguma sintonia entre Marcos e Suzana, afinal eles são sangue do mesmo sangue. Abundam, porém, ofensas e rusgas na convivência diária. Burman, aos 37, radiografa a maturidade com a experiência dos veteranos. Seu registro vai dos buracos financeiros à redescoberta dos prazeres profissionais e afetivos — enquanto ela joga charme para um vizinho grisalho, ele entra para uma trupe de teatro. “Dois Irmãos” tem ainda a vantagem de ser alegre, positivo e comovente, sem nenhum traço de pieguice ou comiseração para com seus críveis personagens. Estreou em 08/10/2010.