Dois Filhos de Francisco, o Musical
- Direção: Breno Silveira
- Duração: 150 minutos
- Recomendação: Livre
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Em 2005, o longa Dois Filhos de Francisco levou muitos detratores da canção sertaneja a ensopar lenços no escurinho dos cinemas. O grande acerto do filme de Breno Silveira foi apostar na universalidade de um tema emotivo: o pai, um tanto lunático, que sonha em transformar os filhos em uma dupla vitoriosa de artistas. Consagrada nas telas, a história dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano chegou ao teatro em Dois Filhos de Francisco, o Musical, dirigido pelo mesmo Silveira. Trata-se, é claro, de obras independentes, mas fica quase impossível não estabelecer comparações. Afinal, Silveira manteve idêntica estrutura narrativa do roteiro sem personalizar um formato dramatúrgico. A mais gritante das diferenças se evidencia no primeiro ato, que enfoca a infância pobre dos ídolos entre a obstinação do pai (interpretado por um opaco Rodrigo Fregnan) e as preocupações da mãe (papel de Laila Garin, muito mal aproveitada). O ritmo é arrastado, as cenas, pouco empolgantes e os números musicais não dialogam com uma linguagem teatral. Tudo melhora consideravelmente depois do intervalo, quando a trama entra na juventude de Zezé (representado por Beto Sargentelli) e mostra sua busca por um lugar ao sol, até formar a dupla com o irmão Luciano (o surpreendente Bruno Fraga). Os carismáticos intérpretes promovem a empatia, mas fica visível um esforço da direção em firmar um conceito, como na ótima cena em que Zezé é rejeitado por várias gravadoras ou mesmo no número final. O teatro se transforma em um grande show de Zezé e Luciano com o gogó e a simpatia de Sargentelli e Fraga. Estreou em 5/10/2017.