Desmesura
- Direção: Luiz Fernando Marques
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 18 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Os atores Luiz Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri e Ronaldo Serruya, do Teatro Kunyn, buscaram referências na vida e na obra do dramaturgo argentino Raúl Damonte Botana, o Copi (1939-1987), para criar Desmesura. Dirigido por Luiz Fernando Marques, o drama pisa em campo minado ao tratar de soropositividade e transexualidade sem poupar o espectador, deixando-o na permanente dúvida sobre se, no palco, predomina a invenção ou a realidade. A trama parte de uma fictícia alucinação de Copi (representado por Serruya), que morreu vitimado pela aids aos 48 anos. Diante da falta de perspectiva de sobreviver ao HIV no fim da década de 80, o personagem reflete sobre os avanços da medicina, que, no futuro, poderiam prolongar sua existência, e também é confrontado por suas criações literárias, como um travesti e um policial, que, quase três décadas depois, parecem datados. A linha de dramaturgia torna-se incômoda, e o elenco nem sempre alcança a ampla comunicação de seus espetáculos anteriores, Dizer e Não Pedir Segredo e Orgia ou De Como os Corpos Podem Substituir as Ideias. Preste atenção na bela cena final, embalada pela gravação da cantora Angela Ro Ro para Amanhã, de Guilherme Arantes. Estreou em 5/5/2017. Até 11/6/2017.